Tripulação da TAP foi coagida por "membro superior" guineense, revelou Catherine Ashton
A tripulação do voo da TAP de terça-feira entre Bissau e Lisboa foi coagida por "um membro superior das autoridades de transição guineenses", revelou, esta sexta-feira, uma declaração de Catherine Ashton, alta representante da União Europeia.
Corpo do artigo
"Um membro superior das autoridades de transição da Guiné-Bissau acompanhado por militares obrigou a tripulação de uma aeronave da TAP a transportar 74 presumíveis cidadãos sírios com passaportes falsos, em total desrespeito pelo direito internacional", refere a declaração.
Para a alta representante da UE, "este incidente levanta sérias dúvidas sobre a realidade do Estado de Direito na Guiné-Bissau e a vontade das próprias autoridades em respeitá-lo", acrescenta na declaração desta sexta-feira, em que exprime "profunda preocupação" com o caso.
O incidente levou a TAP a suspender desde quarta-feira os voos entre Portugal e a Guiné-Bissau.
A alta representante da UE "exorta as autoridades de transição a tomar urgentemente as medidas adequadas para evitar qualquer repetição deste tipo de incidentes e a cumprir plenamente as suas obrigações jurídicas internacionais e nacionais".
Da mesma forma, Catherine Ashton pede aos dirigentes guineenses que honrem "os seus compromissos para combater a impunidade e organizar eleições", as primeiras desde o golpe de estado de 2012.
A posição de Catherine Ashton surge no mesmo dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de transição guineense, Delfim da Silva, apresentou a demissão e responsabilizou elementos ligados "à imigração e segurança" do Estado guineense pelo incidente, segundo referiu à Lusa.
"Para aquela gente passar aqui uns dias e depois ir para Lisboa como foi é porque houve cumplicidade entre pessoas que tinham a obrigação de proteger o país e não protegeram", acrescentou Delfim da Silva, sem adiantar mais detalhes.
Entretanto, uma comissão de inquérito criada pelo governo de transição da Guiné-Bissau tem até quarta-feira para esclarecer o incidente com o voo da TAP, disse à Lusa o ministro da Justiça, Saido Baldé, que preside à comissão.