Presidente dos EUA alcança um recorde indesejável: termina o ano inaugural na Casa Branca com o mais baixo nível de popularidade alguma vez registado.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alcançou um recorde nada cobiçado: termina o primeiro ano na Casa Branca com o mais baixo nível de popularidade alguma vez obtido por um presidente norte-americano no primeiro mandato.
Segundo uma sondagem da empresa de estudos de opinião Gallup, Trump conseguiu apenas uma média de 39% de aprovação dos norte-americanos desde que tomou posse, a 20 de janeiro de 2017. Até agora, o nível mais baixo tinha sido o registado por Bill Clinton, cuja média no primeiro ano de mandato se situou em 49%, mais dez pontos percentuais do que a de Trump.
Sondagens recentes mostram que a maioria dos norte-americanos vê Trump como uma figura divisora e questiona mesmo a sua capacidade para exercer o cargo.
Um ponto de relativo êxito para o antigo magnata nova-iorquino do imobiliário foi a forma como geriu as questões económicas, embora mesmo aí a sua classificação não seja tão alta como se podia esperar dado o estado relativamente forte da economia do país.
A atual taxa de aprovação de Trump na sondagem semanal da Gallup, de apenas 38%, é comparável à sua classificação média (39%), com 57% dos consultados dizendo que desaprovam a sua atuação.
A persistência de um índice de aprovação tão baixo, tão cedo no mandato presidencial, não tem precedentes: habitualmente, os norte-americanos dão aos novos presidentes o benefício da dúvida, mas o "período de lua-de-mel" de Trump - se é que o teve - deu-lhe um nível de aprovação de apenas 45%.
Desde então, Trump passou mais tempo abaixo dos 40% do que qualquer outro inquilino da Casa Branca no primeiro ano no cargo.
Houve presidentes que recuperaram de períodos de baixa popularidade: por exemplo, a taxa de aprovação de Clinton caiu para 37% em junho de 1993, mas, depois, rapidamente reconquistou terreno e foi reeleito para um segundo mandato; e também Harry Truman obteve a aprovação de menos do que 40% dos norte-americanos durante períodos significativos do seu primeiro mandato, mas foi reeleito, tendo posteriormente alcançado o mais baixo nível de aprovação de sempre registado pela Gallup, com apenas 22% em 1952.
O ponto mais baixo de Trump nas sondagens semanais Gallup, 35%, é, ainda assim, mais alto do que os de vários dos seus antecessores: Truman, Richard Nixon e Jimmy Carter chegaram a obter níveis de aprovação abaixo de 30%.
É a economia
Ainda assim, há alguns aspetos positivos para Trump. Antes de mais, o facto de a maioria dos republicanos continuar a aprovar a forma como exerce o cargo: 83% dos inquiridos que se identificam como republicanos, segundo uma sondagem da Universidade Quinnipiac.
A mesma sondagem concluiu que a maioria dos votantes considera, em geral, que Trump é inteligente e forte e as classificações positivas para a forma como tem gerido a economia tenderam a ser mais elevadas do que as obtidas na avaliação geral da sua atuação.
Num estudo de opinião realizado pela agência noticiosa Associated Press e pelo Centro de Investigação de Assuntos Públicos, a classificação do multimilionário republicano na gestão da economia foi oito pontos percentuais mais alta do que o seu nível geral de aprovação, embora mesmo essa não tenha ido além dos 40% nessa pesquisa, que foi bastante negativa para ele.
Entretanto, ontem, Trump tornou-se no primeiro presidente em funções a fazer uma declaração em direto para apoiar a manifestação antiaborto March for Life, em Washington. O republicano é o terceiro presidente a manifestar apoio à causa, mas o primeiro a fazê-lo em pessoa, a partir da Casa Branca.
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