
Foto: Olga Fedorova/EPA
O governo de Donald Trump vai enviar 350 soldados da Guarda Nacional para Nova Orleães antes do Ano Novo, num novo destacamento federal na cidade alvo de operações anti-imigração lideradas por agentes federais.
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, disse na terça-feira que os militares, tal como já fizeram noutros destacamentos em grandes cidades, terão a missão de apoiar os agentes federais no terreno, incluindo do Departamento de Justiça e do Departamento de Segurança Interna.
Parnell acrescentou que as tropas da Guarda Nacional permanecerão em missão até fevereiro.
O governador republicano do Louisiana, Jeff Landry, elogiou o presidente Donald Trump e o secretário da Defesa, Pete Hegseth, pelo envio do destacamento e previu que a presença da Guarda terá um impacto positivo.
"Isto vai ajudar-nos a reprimir ainda mais a violência aqui na cidade de Nova Orleães e noutros lugares do Louisiana", disse Landry na Fox News.
Os críticos argumentam que o envio da Guarda Nacional é injustificado e pode causar medo na comunidade, apontando que Nova Orleães registou uma queda nos índices de crimes violentos.
Agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras (sigla em inglês, CBP) lideram desde início do mês na cidade, governada pelos democratas, operações anti-imigração nas quais foram detidas centenas de pessoas, segundo o Departamento de Segurança Interna.
A operação deverá durar vários meses e tem o objetivo de realizar 5.000 detenções.
Em setembro, Landry solicitou a Trump o envio de mil soldados financiados pelo governo federal para cidades do Louisiana, alegando preocupação com a criminalidade.
Em janeiro, 100 militares da Guarda Nacional foram enviados para a cidade para auxiliar nas medidas de segurança após o ataque com um camião no dia de Ano Novo.
Cumprindo uma das suas principais promessas eleitorais, Trump ordenou desde início do ano operações em várias cidades do país para deter imigrantes ilegais e deportá-los.
Desde agosto, Trump enviou forças federais, como agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (sigla em inglês, ICE) e do CBP, além de militares da Guarda Nacional, para várias cidades, sob o pretexto de elevados índices de criminalidade, dando prioridade à detenção de imigrantes indocumentados.
Trump tem defendido o uso das tropas federais para conter o que descreveu como "criminalidade galopante" nas grandes cidades, mas enfrenta resistência judicial e política de vários estados, que classificaram as medidas como ilegais e excessivas.
Depois de já ter destacado tropas, com argumentos semelhantes, para Los Angeles, Washington DC e Memphis - todas cidades governadas por democratas - nas últimas semanas o plano de Trump tem-se centrado em Chicago, com a Operação Midway Biltz, liderada pelo ICE.
O presidente norte-americano anunciou ainda um destacamento em Portland e em São Francisco, cidades também governadas por democratas.
Trump viria a desistir do plano para aumentar número de agentes federais em São Francisco, após o anunciado envio para a cidade californiana de mais de 100 agentes federais e da ameaça de envio de tropas da Guarda Nacional.
O governador do estado, Gavin Newsom, havia ameaçado processar a Casa Branca em caso de mobilização da Guarda Nacional da Califórnia.
Newsom processou em junho o governo pelo envio de soldados da Guarda Nacional da Califórnia para Los Angeles.
Mais recentemente, o governo de Trump intensificou a fiscalização da imigração em Charlotte, na Carolina do Norte, envolvendo agentes do CBP e realizando dezenas de detenções.
O Supremo Tribunal norte-americano recusou na terça-feira autorizar o governo de Donald Trump a enviar tropas da Guarda Nacional para a região de Chicago em apoio à sua política de anti-imigração.
Os juízes rejeitaram o pedido de emergência do governo republicano para anular uma decisão da juíza distrital April Perry, que tinha bloqueado o envio de tropas.
Na decisão, os juízes defendem que no atual contexto o governo não apresentou uma base legal para envio de militares da Guarda Nacional, que só é autorizado por lei em circunstâncias excecionais.
