O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, afirmou, esta quinta-feira, em Berlim, que "a linha vermelha foi ultrapassada há muito tempo na Síria", apelando à comunidade internacional para tomar medidas o mais rápido possível.
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Ahmet Davutoglu falava após uma reunião com o seu homólogo alemão, Guido Westerwelle, na capital alemã, encontro realizado um dia depois da denúncia de um alegado ataque que, segundo a oposição síria, foi perpetrado pelas forças governamentais com armas químicas.
Segundo a oposição, no ataque, realizado nos arredores de Damasco, terão perdido a vida mais de 1300 pessoas.
"Apelamos à comunidade internacional para tomar medidas o mais rápido possível face à situação [da Síria], onde a linha vermelha foi ultrapassada há muito tempo", disse o ministro turco, numa conferência conjunta com Westerwelle. "Muitas linhas vermelhas foram já ultrapassadas", reforçou Ahmet Davutoglu.
O Conselho de Segurança da ONU, reunido de emergência na quarta-feira, não conseguiu alcançar um consenso sobre uma resolução para pedir formalmente a investigação do ataque. A decisão foi travada pela China e pela Rússia, reconhecidos como aliados tradicionais do regime de Damasco.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas está "ainda hesitante em assumir uma resolução firme", lamentou o chefe da diplomacia turca.
"Se nenhuma medida for tomada, perdemos a nossa capacidade de dissuasão", frisou Davutoglu, advertindo que se a comunidade internacional não tomar decisões "outros massacres mais graves podem acontecer".
O representante de Ancara pediu igualmente que as investigações sobre a alegada utilização de armas químicas sejam "conduzidas de forma objetiva".
Um pedido que foi reforçado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Guido Westerwelle, que exigiu uma clarificação urgente dos factos e reclamou o acesso "imediato" e livre dos inspetores da ONU presentes no território sírio à zona do alegado ataque.
Assumindo estar "muito preocupado" com as informações provenientes da Síria, Guido Westerwelle afirmou que, caso os factos sejam comprovados, este ataque terá sido "atroz" e "um crime contra a humanidade".
O chefe da diplomacia alemã lamentou ainda que a China e a Rússia [dois membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que têm poder de veto] tenham impedido a adoção de uma resolução para uma investigação dos acontecimentos, qualificando a atitude de Pequim e de Moscovo como "incompreensível".