O avanço das tropas ucranianas para recuperar o controlo de Kherson encontra-se num ponto de inflexão que poderá culminar em setembro, afirmam as autoridades daquela região do sudeste do país.
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"O ponto de inflexão já aconteceu", afirmou o subchefe do Conselho Regional e e assessor do comando militar, Serhiy Khlan, em declarações ao canal de televisão ucraniano Espreso.tv.
Ainda segundo aquele responsável, as tropas ucranianas estão a adotar "posições de liderança" e estão em condições de lançar uma contraofensiva aberta.
Até à data, registaram-se "passos estratégicos", como os ataques verificados às pontes e infraestruturas em Antonovsky e Daryevsky, destinados a destruir munições e dificultar o abastecimento ao exército russo.
Estão agora reunidas condições para lançar ataques de artilharia com o objetivo de culminar a operação e, até setembro, recuperar o controlo.
A declaração da fonte regional acompanha a mensagem difundida na noite passada pelo presidente do país, Volodymyr Zelensky, segundo o qual as tropas ucranianas avançam em direção a Kherson.
"Os ocupantes estão a tratar de controlar a zona, mas o exército avança etapa a etapa na região", afirmou o líder ucraniano, numa mensagem vídeo.
O Instituto Americano para o Estudo da Guerra - ISW na sigla em inglês - já havia alertado anteontem para o avanço das forças ucranianas na região, embora aparentemente as autoridades locais tenham pedido à população que não informasse sobre isso, para não alterar a estratégia militar.
De acordo com o ISW, citado pelo portal Ukrinform, a resistência ucraniana na região conseguiu repelir vários ataques russos num número indeterminado de aldeias de Kherson. Segundo a publicação, isso deixa perceber que as tropas ucranianas estão a lançar ofensivas locais por toda a linha da frente.
O portal Ukrinform informa também que as tropas russas estão a tentar recuperar as pontes danificadas para garantir a chegada dos abastecimentos e dos veículos blindados pesados de que precisam.
Ainda segundo o Ukrinform, a situação é precária, pois os especialistas locais recusam-se a participar nesses trabalhos ou fazem-no apenas sob a ameaça de morte. O comando do exército ucraniano garantiu na sexta-feira que o exército russo utiliza unidades de reserva para defender as posições ocupadas no sul da Ucrânia e para impedir o contra-ataque do exército ucraniano.
Rússia cumpre acordo
Noutra frente, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, afirmou, no Cairo, que já foi levantado o bloqueio aos portos ucranianos, após o acordo alcançado na sexta-feira em Istambul, e atribuiu a crise alimentar mundial às sanções ocidentais contra Moscovo.
"Confirmamos o compromisso dos exportadores russos de cereais em cumprir todas as suas obrigações", disse Sergei Lavrov numa conferência de imprensa após um encontro com o seu homólogo egípcio, Sameh Shukri, no Cairo, onde iniciou uma visita a vários países africanos.
Momentos marcantes
Turquia paga menos por cereais
O chefe da comissão de agricultura do parlamento turco confirmou que o país poderá comprar cereais ucranianos a preço mais vantajoso graças ao papel de mediador no acordo para retoma das exportações da Ucrânia.
Locais de culto destruídos
A invasão russa já resultou na destruição de 183 instalações de instituições religiosas - igrejas, mesquitas, sinagogas, centros educacionais e edifícios administrativos - avançou a imprensa ucraniana.
Desfile em Belfast
Várias centenas de ucranianos desfilaram ontem pelas ruas de Belfast, na Irlanda do Norte, numa iniciativa que tinha como objetivo manter o povo britânico atento ao conflito no leste da Europa.