As autoridades ucranianas conseguiram libertar 1.200 pessoas capturadas pelos rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia, desde o início do cessar-fogo, na sexta-feira passada, anunciou o presidente, Petro Porochenko, que chegou esta segunda-feira a Mariupol, fiel a Kiev.
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"Conseguimos libertar 1.200 dos nossos prisioneiros", declarou o chefe de Estado, citado pela agência de notícias Interfax-Ucrânia, sem detalhar se tal aconteceu no âmbito de uma troca de prisioneiros prevista no acordo de cessar-fogo alcançado no final da semana passada em Minsk.
Porochenko falava aos jornalistas à chegada à cidade de Mariupol, sede provisória do governo regional de Donetsk e um porto importante na zona leste da Ucrânia, que tem estado sob a mira dos rebeldes, que pretendem abrir um corredor entre a Rússia e a península da Crimeia, que anexaram.
"Esta é a nossa terra e não a entregaremos a ninguém. Viva a Ucrânia", declarou o Presidente, que garantiu também que não se sentia intimidado pelos rebeldes.
Sobre o conflito que se instalou no país, a Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou hoje que o número de vítimas aumentou "dramaticamente" nas últimas semanas, superando os 3.000 mortos, com uma tendência ascendente "clara e alarmante".
Entre meados de abril e julho morriam naquele país uma média de 11 pessoas por dia, mas o número de vítimas mortais mais que triplicou para 36 entre 16 de julho e 17 de agosto, afirmou o secretário-geral adjunto da ONU para os Direitos Humanos, Ivan Simonovic.
Incluindo os 298 mortos do avião malaio abatido sobre o leste da Ucrânia em julho, o número total de vítimas já supera as 3.000 pessoas, destacou hoje o diplomata croata, na apresentação de um relatório no conselho permanente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em Viena.
Simonovic reconheceu tratar-se de estimativas baseadas em fontes disponíveis e admitiu que o número real pode ser "notavelmente superior".
A forte subida de mortes de civis no último mês deve-se sobretudo ao aumento dos combates, incluindo o uso de armas pesadas e o bombardeamento indiscriminado de zonas habitadas.
Por outro lado, o responsável pelos Direitos Humanos das Nações Unidas indicou que cerca de 460 pessoas terão sido sequestradas por grupos armados rebeldes.
"Quando alguns sequestrados são libertados, mais são detidos", denunciou Simonovic.
Quanto a deslocados e refugiados causados por este conflito, a ONU estima que metade da população da região de Lugansk e que um terço da de Donetsk terá fugido das suas casas.
Atualmente há cerca de 200.000 deslocados internos registados no leste do país, mas o número não oficial poderá ser o dobro ou o triplo, assegurou Simonovic. Entretanto, outras 800.000 pessoas cruzaram a fronteira em direção à Rússia nos últimos meses.