Conteúdo gráfico e explícito está a ser publicado em várias redes sociais.
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A guerra tem várias táticas mas nem todas são permitidas e esta poderá ser condenável aos olhos da lei. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia tem vindo a partilhar nos últimos dias várias vídeos de soldados russos, tornados prisioneiros de guerra, a serem torturados e mortos às mãos das forças militares ucranianas.
O conteúdo publicado nas redes sociais Twitter, YouTube e sobretudo no Telegram, onde a conta do organismo político tem mais de 600 mil subscritores, mostra os corpos de soldados russos a serem queimados, desmembrados, esmagados ou abandonados na neve. Alguns destes presos são interrogados com os olhos vendados, a tremer e visivelmente perturbados.
Ainda que a veracidade destas imagens não sejam confirmadas de forma independente, o alegado objetivo da publicação destes vídeos é originar uma onda anti-guerra e anti-Putin na população da Rússia, para que a sociedade desse país adote uma mentalidade contra o conflito militar. Num dos conteúdos partilhados, é possível ouvir os soldados ucranianos a referir que a identidade dos russos mortos não é possível de ser identificada devido "aos horrores de guerra" que Vladimir Putin causou. Acrescentam ainda que os familiares destes devem "fazer o possível para que os maridos e filhos não morram na Ucrânia".
Apesar de poder ser uma estratégia para travar Putin, os atos contra os soldados da Rússia podem ser interpretados como uma violação à Convenção de Genebra, uma vez que a lei internacional refere que os prisioneiros de guerra devem ser protegidos "de insultos e curiosidade pública".
Mesmo em caso de ir contra a lei, estes atos parecem ser menos graves do que a morte de civis e bombardeamentos em zonas residenciais por parte da Rússia, segundo a interpretação de Rachel VanLandingham, professora na Southwestern Law School, ao Washington Post. No entanto, dois errados não fazem um certo: "A lei não permite a mentalidade de 'eles fazem coisas más, por isso, nós também podemos fazer'. A Ucrânia não quer virar a comunidade internacional contra si, então é perigoso que, em desespero, faça coisas claramente proibidas", explicou.
Para além de vídeos, a Ucrânia criou uma plataforma online onde os familiares dos soldados russos podem inserir os dados pessoais dos militares, ou enviar DNA, para identificar ou confirmar as suas mortes.
O Governo ucraniano referiu estar a investigar as imagens, explicando que a Ucrânia é um "exército europeu" e que não "maltrata" os prisioneiros. "Se estas imagens forem reais, é um comportamento inaceitável", referiu Oleksiy Arestovych, conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky, citado pelo The Guardian.