A alta representante da diplomacia da União Europeia (UE) condenou, esta terça-feira, a ofensiva terrestre israelita na cidade de Gaza, considerando que "só vai trazer mais devastação", mas admitiu que o bloco comunitário "não tem ferramentas" para parar Telavive.
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"Quero insistir que esta ofensiva terrestre, e fui bastante clara com o Governo israelita, vai na direção errada, só vai trazer mais devastação, mais destruição, mais mortes de civis inocentes, mas não temos ferramentas para realmente parar isto", disse Kaja Kallas em entrevista à agência Lusa, cuja segunda parte vai ser divulgada na quarta-feira.
A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança lamentou que o bloco político-económico europeu careça de meios para travar a ofensiva terrestre de Israel e insistiu que a União Europeia está a "ajudar os palestinianos o mais que pode".
O exército israelita bombardeou intensamente Gaza na noite de segunda-feira, antecedendo uma incursão terrestre naquela cidade dentro do enclave palestiniano.
A cidade de Gaza, que já estava sitiada, foi fustigada durante a madrugada de hoje com bombardeamentos a partir de helicópteros e 'drones' (aeronaves pilotadas remotamente).
Os carros de combate israelitas avançaram durante a madrugada em direção à cidade, que Israel alega albergar ser o entre dois mil a três mil combatentes do movimento radical Hamas e ser o "principal bastião" do grupo, que perpetrou o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023 e que o Governo de Benjamin Netanyahu invoca como razão para a ocupação e bombardeamento da totalidade da Faixa de Gaza.
As imagens e informações divulgadas nas últimas semanas por jornalistas em Gaza, autoridades locais e as escassas organizações não-governamentais, dão conta da destruição de praticamente todas as infraestruturas civis e da morte de dezenas de palestinianos.
Hoje, uma comissão internacional independente de investigação da Organização das Nações Unidas acusou Israel de perpetrar genocídio contra a população palestiniana na Faixa de Gaza desde outubro de 2023.
A comissão disse que a "responsabilidade cabe ao Estado de Israel" pelo que está a acontecer no enclave e que as ações militares têm a "intenção de destruir" os palestinianos.