A chefe da diplomacia da União Europeia apelou hoje à "contenção" na Bolívia, na sequência da renúncia do presidente Evo Morales, insistindo na necessidade de todos trabalharem de forma pacífica no sentido da celebração de novas eleições "credíveis".
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"Gostaria de expressar claramente o nosso desejo de que todas as partes no país deem mostras de contenção e responsabilidade, e conduzam o país de forma pacífica e tranquila rumo a novas eleições, eleições credíveis que permitam ao povo boliviano expressar a sua vontade democrática", declarou Federica Mogherini, à entrada para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas.
No domingo, dia em que Evo Morales anunciou a renúncia à Presidência do país, que ocupou durante quase 14 anos, a Alta Representante da UE para a Política Externa manifestou a sua satisfação com a decisão de repetir as eleições no país, após as acusações de fraude no escrutínio realizado em 20 de outubro.
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"O regresso à estabilidade na Bolívia requer um novo processo eleitoral, que seja oportuno e credível e reflita fielmente a vontade do povo. Deveria ser designado um novo Supremo Tribunal Eleitoral que ofereça garantias de realização de umas eleições transparentes", defendeu, em comunicado, a chefe de diplomacia europeia.
Na ocasião, Mogherini já instara "todas as partes, em especial as autoridades, a assumirem as suas responsabilidades democráticas e tomarem as decisões apropriadas que permitam uma rápida reconciliação e previnam mais violência".
A Bolívia sofre uma grave crise desde a proclamação de Evo Morales como Presidente para um quarto mandato consecutivo nas eleições de 20 de outubro, marcadas por suspeitas de fraude eleitoral, denunciada pela oposição e movimentos da sociedade civil.
Os confrontos entre apoiantes e opositores do Presidente da Bolívia desde o dia seguinte às eleições causaram pelo menos três mortos e 384 feridos, segundo dados da Provedoria da Bolívia.
Na última madrugada, Evo Morales, que renunciou após perder o apoio das forças armadas e da polícia, disse que foi emitido contra si "um mandado de detenção ilegal" e que grupos violentos invadiram a sua casa.