União Europeia usada como arma de desinformação em campanha eleitoral da Moldávia
A União Europeia (UE) está a ser utilizada como arma de desinformação durante a campanha eleitoral na Moldávia, através de narrativas falsas partilhadas "online" com Inteligência Artificial (IA), alertou o Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO).
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"O TikTok na Moldávia está inundado de vídeos destinados a convencer os utilizadores que a religião ortodoxa está sob ataque da União Europeia, que as eleições serão canceladas e que, em geral, o Estado está contra os seus cidadãos", pode ler-se na informação divulgada.
O observatório identificou mais de 100 contas na rede social TikToK que publicaram seis mil conteúdos nos últimos dois meses, sendo que destes conteúdos 33% (cerca de dois mil) continham desinformação ou conteúdo inflamatório.
Uma das narrativas disseminadas pela rede de desinformação, produzidas sobretudo com recurso a IA, passa por afirmar que os países da UE estão a manipular as eleições na Moldávia, enquanto outros conteúdos pretendem desinformar sobre a comunidade LGBT.
Nesta matéria, o objetivo da campanha de desinformação é passar a ideia que a "União Europeia está a infetar a Moldávia com pessoas LGBT".
Muitas das narrativas desinformativas têm origem na Rússia, através de uma rede chamada Matryoshka, que lida especificamente com a produção de conteúdo de vídeo com IA.
Em julho, a Lusa noticiou a existência desta rede, quando uma campanha de desinformação pró-russa utilizava meios de comunicação internacionais, como a Reuters ou a France 24, para disseminar desinformação e propaganda em países europeus, visando desacreditar as democracias ocidentais.
"Uma rede de "bots" chamada Matryoshka, coordenada pelas autoridades do Kremlin, é responsável por gerar conteúdo de IA dedicado às eleições da Moldávia", salienta agora o EDMO.
De forma a transmitir eficazmente estas mensagens, os atores desinformativos recorrem a "uma bolha de propaganda e desinformação russa com 128 contas, que foram ativadas agora, durante a campanha, e que publicam quase exclusivamente clipes gerados por IA no TikTok".
O EDMO cita ainda um relatório do Digital Forensic Reserach Lab (DRFLab), que identificou 215 contas do Facebook, TikTok e Instagram, que constituem uma rede que atuava de forma coordenada e que, entre dezembro e abril, espalhou desinformação contra a Moldávia.
A rede Matryoshka, uma operação coordenada pró-russa é também conhecida entre os verificadores de factos por espalhar notícias falsas estilizadas como material de meios de comunicação social internacionais, instituições académicas e agências governamentais.
As eleições na Moldávia acontecem a 28 de setembro e se os partidos pró-russos ganharem e passarem a governar o país, é provável que as negociações de adesão à UE sejam congeladas, como aconteceu com a Geórgia no ano passado.