As urnas abriram este sábado na Nigéria, anunciou a comissão eleitoral, estando os eleitores a dirigir-se às assembleias de voto para eleger um novo Presidente e um parlamento.
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"As urnas abriram. A acreditação começou", disse à agência France Presse o porta-voz da Comissão Eleitoral Nacional Independente, Kayode Idowu, apesar de relatos de atrasos na abertura às 08:00 (07:00 TMG).
Repórteres disseram que o processo não começou em algumas localidades em Kano, Lagos e Abuja, devido a atrasos na chegada de delegados da comissão e de material eleitoral.
Cerca de 68,8 milhões de nigerianos são chamados hoje às urnas para elegerem um novo Presidente e um parlamento, num ambiente de tensão devido ao risco de violência política e à ameaça de atentados islamitas.
Os candidatos à chefia do Estado são 14, entre os quais se encontra pela primeira vez uma mulher, mas a disputa, que se prevê renhida, envolve o cessante Goodluck Jonathan e o ex-general Muhammadu Buhari, que dirigiu a Nigéria, à frente de uma junta militar, entre 1983 e 1985.
Jonathan, de 57 anos e cristão do sul, tem sido muito criticado pela incapacidade de travar a insurreição do grupo radical islâmico Boko Haram, que em seis anos causou cerca de 13.000 mortos.
Buhari, de 72 anos e muçulmano originário do norte, construiu uma reputação de incorruptível, trunfo importante na potência petrolífera.
A Nigéria está praticamente dividida a meio entre um norte de maioria muçulmana e um sul maioritariamente cristão, com Buhari e Jonathan a procurarem tradicionalmente o apoio das respetivas regiões.
As presidenciais e legislativas no mais populoso país africano foram adiadas seis semanas (estavam previstas para 14 de fevereiro) oficialmente para combater o Boko Haram no nordeste, no quadro de uma operação regional.
Nas últimas semanas, o Boko Haram terá perdido a maioria das localidades que ocupava, mas, segundo os especialistas, poderá recorrer a suicidas e tentar repetir os massacres que têm aterrorizado sobretudo o norte da Nigéria.
Receia-se igualmente a violência política pós-eleitoral. Nas anteriores eleições, em 2011, perto de mil pessoas morreram em confrontos depois de ter sido anunciada a derrota de Buhari face a Jonathan.
O chefe da comissão eleitoral, Attahiru Jega, disse que "tudo o que é humanamente possível" foi feito para garantir eleições credíveis, mas a oposição alertou que os resultados serão pouco credíveis se os milhões de deslocados do norte não puderem votar.
As fronteiras marítimas e terrestres foram encerradas à meia-noite de quarta-feira e os veículos estão impedidos de circular hoje entre as 08:00 e as 17:00 locais (entre as 07:00 e as 16:00 em Lisboa), exceto para "missões essenciais".
A tomada de posse do novo Presidente da Nigéria está marcada para 29 de maio.