Em Valência, três semanas depois da gota fria que assolou a região e deixou um rasto de destruição e morte, é o lodo e um sistema de esgotos colapsado o que preocupa a população.
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As equipas especializadas em esgotos trabalham dia e noite para retirar a montanha de lama que correu por estradas, entrou nas casas e sai agora pela banheira, sem tréguas. Na localidade de l'Horta Sud, o barro escorre lentamente, por todo o lado, demasiado lentamente, retratam os moradores ao jornal espanhol "El Mundo". "Descarrego o autoclismo e a água sai pela banheira", afirmou uma dessas moradoras ao periódico.
Mais de cem camiões laboram para extrair o que se calcula serem cinco milhões de metros cúbicos de barro que cobrem toda a rede de saneamento valenciana, causando um difícil regresso ao bem-estar, e atrasando a recuperação de infraestruturas danificadas pela DANA ( depressão isolada em altos níveis, no acrónimo em castelhano).
O Governo de Madrid destinou 500 milhões de euros para essa tarefa, que inclui limpar e reparar as redes de saneamento e de abastecimento de água. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que o plano destinado à limpeza dos esgotos e à retirada do lodo foi desenhado depois de serem ouvidos os especialistas, bem como empresas públicas e privadas ligadas ao setor.
Em Catarroja, os bueiros são limpos um a um, e em Algemesí, os bombeiros centram o trabalho em locais como túneis, onde a lama solidificou. Em Paiporta, uma das zonas onde se registou o maior número de vítimas mortais da tragédia de 29 de outubro, as zonas cobertas de lama foram limpas com a pressão da água.
A memória aflitiva das torrentes de água deixa em sobressalto quem teme que novas chuvas intensas possam cair enquanto os sistemas de drenagem não voltem a ficar operacionais, deixando novamente em perigo quem vive nas zonas de catástrofe.
As chuvas que caíram na última semana atrasaram os trabalhos de limpeza da zona zero da DANA nos municípios mais afetados, conta a agência de notícias espanhola Efe.
Apesar de o governo de Madrid ter afirmado que tudo será feito para garantir os serviços de limpeza e de recuperação dos esgotos dos municípios afetados, o Conselho Superior de Investigações Científicas remeteu para a administração central uma proposta para que se estude onde está o lodo, bem como o local onde ele pode ser depositado sem que exista qualquer impacto ambiental.