Vários presidentes de câmara de grandes cidades italianas, como Palermo e Florença, anunciaram que não aplicarão o decreto-lei segurança e imigração do ministro do Interior e chefe da extrema-direita, Matteo Salvini.
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O presidente de centro-esquerda da capital da Sicília, Palermo, explicou à rádio pública italiana que suspende a aplicação da lei no que diz respeito às competências dos municípios.
É um texto desumano e criminógeno
"É um texto desumano porque viola os direitos humanos e criminógeno porque transforma em ilegais pessoas que se encontram legitimamente no nosso território", considerou Leoluca Orlando.
O autarca contesta em particular a medida que proíbe a atribuição do direito de residência a uma pessoa que tenha autorização de permanência no território.
Tal impede os presidentes de câmara de emitirem um cartão de identidade ou uma inscrição no serviço nacional de saúde, obrigatória para aceder por exemplo ao médico de família.
A reação de Matteo Salvini não se fez esperar. "Queres desobedecer? Não te vou enviar o exército", respondeu num vídeo divulgado na rede social Facebook, anunciando que se deslocará em breve a Palermo para "entregar aos cidadãos uma vivenda com vista para o mar confiscada a um mafioso".
https://www.facebook.com/salviniofficial/videos/390206031891921/
Os presidentes das câmaras de Florença e de Nápoles, ambos de esquerda, e o de Parma, dissidente do Movimento 5 Estrelas (M5S, partido populista que integra o governo em Itália juntamente com a Liga de Salvini), foram outros que seguiram o exemplo do colega siciliano.
Salvini fez aprovar em novembro o referido decreto-lei que endurece a política de Itália em relação à imigração.
Uma das principais medidas do texto foi abolir as autorizações de permanência humanitárias, concedidas até agora a pessoas vulneráveis, famílias ou mulheres sozinhas com crianças, vítimas de trauma durante a viagem até Itália.