A presidente da Comissão Europeia anunciou hoje a criação de Centro Europeu para a Resiliência Democrática, no discurso sobre o Estado da União, e foi vaiada pela extrema-direita, após anunciar regras apertadas sobre Estado de Direito e fundos.
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"A nossa democracia está sob ataque, [devido ao] aumento da manipulação da informação e da desinformação que está a dividir as nossas sociedades. Não só está a minar a confiança na verdade, como também na própria democracia e precisamos urgentemente do Escudo Europeu da Democracia e de mais capacidade para monitorizar e detetar a manipulação da informação e a desinformação, pelo que vamos criar um novo Centro Europeu para a Resiliência Democrática", anunciou Ursula von der Leyen.
Na sessão plenária na cidade francesa de Estrasburgo, no primeiro discurso sobre o Estado da União do segundo mandato e o quinto do seu percurso europeu, a líder do executivo comunitário foi vaiada por instantes pela extrema-direita (principalmente do grupo Patriotas pela Europa), aos quais disse: "Claro que vocês estão a temer este novo centro".
Durante o seu discurso, Ursula von der Leyen foi várias vezes interrompida, especialmente por Christine Anderson, do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD, que pertence ao Grupo Europa das Nações Soberanas). A eurodeputada alemã é bastante crítica em relação à presidente da Comissão Europeia.
Ainda assim, continuou a discursar explicando que "este centro reunirá toda a experiência e capacidade dos Estados-membros e dos países vizinhos".
Von der Leyen chegou a comentar que "esta bancada que está a gritar devia ouvir com muita atenção", quando abordou o Estado de direito da UE.
Nos últimos anos, têm-se verificado sucessivas violações por parte da Hungria, cujo país é governado pelo partido nacionalista Fidesz, que faz parte da extrema-direita dos Patriotas pela Europa.
"A independência da Europa consiste em proteger as nossas liberdades: a liberdade de decidir, de nos expressarmos, de circular por todo o continente, a liberdade de votar, de amar, de rezar, de viver numa União de igualdade. A nossa democracia e o Estado de Direito são os garantes dessas liberdades", apontou.
Depois de a UE já ter reforçado a ligação entre os fundos e o respeito pelo Estado de Direito, com o próximo orçamento a longo prazo "a ideia é ir ainda mais longe" ao impor tal como "condição imprescindível para os fundos da UE, agora e no futuro", adiantou.
Já relatando os "desertos informativos onde a desinformação prospera", que põem em causa a democracia, Ursula von der Leyen defendeu a salvaguarda da liberdade de imprensa, anunciando um novo Programa de Resiliência dos Media, que apoiará o jornalismo independente e a alfabetização mediática, bem como o aumento do financiamento e mais apoios ao setor da comunicação social no âmbito do orçamento da UE a longo prazo.