A Organização Internacional de Aviação Civil executa, com frequência, exercícios de simulacro sobre tráfego aéreo face à ameaça de nuvens causadas por erupções vulcânicas. O último exercício decorreu no passado dia 2 de Março e consistiu num voo que enfrentava o fumo causado por erupções da caldeira do Faial, no arquipélago dos Açores.
Corpo do artigo
Desde o incidente com um Boeing 747 da British Airways, em 24 de Junho de 1982, sobre o monte Galunggung, na Indonésia, em que o aparelho quase despenhou após ter passado por nuvens originados por erupção vulcânica, a A Organização Internacional de Aviação Civil (OACI) passou a lançar sistemas de alerta e criou um organismo dedicado apenas a isso: o Grupo de Operações de Vigilância da Aviação Internacional (IAVWOPSG).
Este grupo tem organizado, com frequência, exercícios de simulacro com todos os serviços implicados (vigilância vulcânica e meteorológica, companhias de aviação, navegação áérea), conforme dá conta a edição online do jornal espanhol "El País".
O exercício mais recente foi organizado no dia 2 de Março, tendo sido coordenado pela autoridade de controlo aéreo de Portugal. O simulacro consistiu num voo com duas supostas erupções da Caldeira do Faial, no arquipélago dos Açores. A primeira provocaria uma nuvem que se deslocaria para Norte, através de Espanha e Portugal, até ao centro e norte da Europa; e a segunda deslocava-se para Sul, em direcção ao arquipélago das Canárias, a diferentes níveis de altura sobre o mar.
Ricardo Génova, director de operações da companhia aérea Ibéria, citado pelo El País, participou no simulacro e explicou que durante as 12 horas que demorou o simulacro foram desviados 19 voos, cancelados 16 e atrasados 10. Tudo de forma fictícia.
De acordo com informação do IAVWOPSG, nos últimos 10 anos apenas dois incidentes da classe 4 (falha temporária dos motores) foram registados: um, em 2001, nas Ilhas Britânicas Ocidentais, e outro em 2006, na Papua Nova Guiné.
Até hoje, não foi comunicado nenhum incidente da classe 5 (falha dos motores com acidente). Eric Moody, o piloto da British Airways que, em 1982, esteve a pontos de ver o avião que pilotava despenhar-se após a passagem por nuvens de origem vulcânica, quase que ocupou o primeiro lugar nessa lista ainda vazia. O avião caiu de uma altitude de 11300 metros para 3650 metros. Segundo recordou ao El País, foram 16 minutos de pânico. Contudo, ao descer para uma zona com ar mais limpo, o comandante conseguiu fazer arrancar três dos quatro motores.