O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de preparar um "ataque terrorista" envolvendo uma fuga radioativa na central nuclear de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, ocupada pelas tropas russas.
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"Os nossos serviços secretos obtiveram informações segundo as quais a Rússia está a considerar um cenário de um ataque terrorista na central elétrica de Zaporíjia, um ataque que envolve uma libertação de radiação", disse Zelensky na rede social Telegram.
"Eles prepararam tudo para o efeito", afirmou, segundo a agência francesa AFP.
A central de Zaporíjia, com seis reatores nucleares, é a maior da Europa e foi ocupada por forças russas nos primeiros dias da ofensiva militar lançada por Moscovo em 24 de fevereiro de 2022.
Zelensky advertiu que uma eventual fuga radioativa não terá consequências apenas na Ucrânia. Disse ainda que informou os governos da "Europa, América, China, Brasil, Índia, mundo árabe e África" sobre os alegados planos russos. As organizações internacionais também foram informadas.
"Nunca deve haver ataques terroristas em centrais nucleares, seja onde for", afirmou, citado pela agência espanhola EFE.
Rússia desmente
A Rússia já repudiou as acusações da Ucrânia. "Esta é uma nova mentira. Acabámos de entrar em contacto com a Agência Internacional de Energia Atómica" (AIEA), disse o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
O diretor da AIEA, Rafael Grossi, visitou a central de Zaporijia na semana passada, na sequência da destruição da barragem de Kakhovka, também sob controlo russo.
Zelensky apelou à comunidade internacional para que atue preventivamente para evitar outra catástrofe como a causada pela explosão da barragem de Kakhovka (sul) em 6 de junho, que Kiev atribuiu às forças russas.
A Rússia negou qualquer envolvimento na destruição da barragem, que disse ter sido causada por bombardeamentos ucranianos.
A destruição da barragem fez diminuir o reservatório de arrefecimentos dos reatores nucleares da central.
A central elétrica de Zaporíjia tem sido repetidamente alvo de bombardeamentos atribuídos tanto a Moscovo como a Kiev, suscitando preocupações quanto à segurança.
A Rússia declarou que a central passou a pertencer-lhe por ter anexado a região de Zaporíjia em setembro, juntamente com as de Donetsk, Lugansk e Kherson, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) tem peritos em Zaporíjia, tal como nas restantes três centrais nucleares ucranianas.
As quatro centrais da Ucrânia têm em conjunto 15 reatores nucleares.