O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, esta sexta-feira, que o homólogo russo, Vladimir Putin, quer "ocupar toda a Ucrânia" e não desistirá até que esse objetivo seja alcançado, mesmo que Kiev concorde em ceder território.
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"O objetivo de Putin é ocupar toda a Ucrânia. E não importa o que ele diga, está claro que colocou a máquina de guerra em movimento a tal ponto que simplesmente não pode pará-la, a menos que seja forçado a mudar fundamentalmente os objetivos pessoais", disse Zelensky na conferência anual de Estratégia Europeia de Ialta, na Ucrânia.
O presidente ucraniano afirmou que a "troca de território", hipótese discutida como forma de encerrar o conflito, não será suficiente para alcançar a paz.
Na mesma conferência, Zelensky afirmou que a presença do emissário norte-americano Keith Kellogg em Kiev é tão eficaz a dissuadir a Rússia de atacar a capital como um sistema de "defesa antiaérea", chegando mesmo a propor-lhe, em tom de brincadeira, um passaporte ucraniano.
"Quando Keith Kellogg está em Kiev, os habitantes podem dormir em paz. Obrigado. Gostaria que visitasse todas as cidades da Ucrânia", argumentou Zelensky.
Segundo o chefe de Estado ucraniano, em cada visita de Kellogg "não há ataques maciços", salientando que essa "proteção" não se verifica quando os representantes estrangeiros são de outros países que não os Estados Unidos.
"Constata-se que os Estados Unidos têm sistemas de defesa antiaérea que não são menos eficazes do que o "Patriot"", acrescentou Zelensky, referindo-se às baterias de fabrico norte-americano que Kiev tem pedido aos aliados.
Keith Kellogg, que visita regularmente a Ucrânia, estava presente na sala.
"Estou pronto para conceder a cidadania [ucraniana] ao general Kellogg, podemos dar-lhe um apartamento, tudo o que precisar, se isso levar a Rússia a cessar o fogo", declarou Zelensky, provocando o sorriso do enviado norte-americano.
A visita de Kellogg ocorre poucos dias depois da intrusão sem precedentes de "drones" russos no espaço aéreo da Polónia, país membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e da União Europeia (UE).
Varsóvia e os seus aliados, incluindo Kiev, denunciaram o que consideram ser um ato deliberado, enquanto Moscovo negou qualquer responsabilidade.