O presidente da Ucrânia disse esta quinta-feira esperar que o futuro homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, esteja do lado do país, considerando que um cessar-fogo que não seja definitivo era o "pior que podia acontecer a todos".
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A Ucrânia fará parte da União Europeia. Quando, não se sabe. Mas António Costa, presidente do Conselho Europeu estreante, recebeu o líder ucraniano com a promessa de integração no bloco. “No que diz respeito à Ucrânia, temos de ser muito claros: vocês podem contar com o nosso apoio total e incondicional, custe o que custar, e durante o tempo que for necessário, agora na guerra e no futuro na paz, e queremos dar-vos as boas-vindas aqui, um dia, como membros da UE”, declarou. As conclusões do primeiro Conselho Europeu presidido por António Costa, em Bruxelas, refletem um “compromisso inabalável” de continuar a prestar apoio político, financeiro, económico, humanitário, militar e diplomático à Ucrânia. “A Rússia não pode prevalecer”, referiu a instituição. O documento foi aprovado na íntegra logo na manhã de anteontem - algo que não acontecia desde 2012. Ontem, foi endossado pelos líderes da UE na reunião, defendendo “uma paz global, justa e duradoura” e condenando aqueles que permitem à Rússia continuar a agredir a Ucrânia, nomeadamente a Coreia do Norte.
Trump como aliado
Volodymyr Zelensky, por sua vez, aproveitou a cimeira para apelar à união entre os Estados Unidos e a Europa, a um mês de Donald Trump tomar posse como presidente. Embora reconheça a importância da intervenção norte-americana, Zelensky rejeitou qualquer ideia de um cessar-fogo temporário sem condições. “Seria o pior que poderia acontecer a todos”, defendeu, acrescentando que espera que Trump seja um aliado.
Já o presidente russo disse ontem que estava pronto para se reencontrar com Donald Trump, e que terão muito para pôr em dia. “Não falo com ele há mais de quatro anos. Estou pronto para o fazer, claro. Em qualquer altura”, disse Vladimir Putin. O homólogo norte-americano, que instrumentalizou o fim da guerra como uma das suas bandeiras de campanha, apelou recentemente a um cessar-fogo e a negociações. Anteontem, disse que pretendia reunir-se com Putin e Zelensky para pôr “fim à carnificina”. Contudo, declarou menos ajuda militar à Ucrânia e opôs-se à utilização de mísseis ocidentais para atacar a Rússia.
A ambiguidade de Trump tem sido recebida com desconfiança pelo povo ucraniano, segundo noticiou a AFP, com receio de serem forçados a aceitar condições desfavoráveis num eventual acordo de paz. A Rússia exige a cedência de quatro regiões que ocupa parcialmente, Donetsk e Lugansk (a leste), e Zaporíjia e Kherson (a sul) - além de Kiev desistir da adesão à NATO. A diplomacia russa advertiu, também ontem, a Suíça - outro país promotor da paz - que não aceitará negociações assentes na “fórmula Zelensky”, o plano proposto pela Ucrânia.
Pormenores
Recuperar Kursk
A Rússia está determinada a reaver a região de Kursk, ocupada pela Ucrânia desde agosto. Apesar de assegurar que os soldados estão a “recuperar quilómetros quadrados de território”, Vladimir Putin admitiu ontem que não sabe quando conseguirão expulsar as forças ucranianas.
Assassinato de general foi “falha grave”
Putin disse ontem que o assassinato do tenente-general Igor Kirillov, chefe da defesa radiológica, química e biológica da Rússia, foi uma “falha grave” dos serviços de segurança.