Daniela Braga, que fundou a DefinedCrowd, recebeu convite "em 24 horas" para integrar a task force sobre inteligência artificial nos Estados Unidos.
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A fundadora e líder da DefinedCrowd, um dos unicórnios portugueses que já foi chamado pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para se pronunciar sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, foi convidada a integrar uma task force sobre Inteligência Artificial (National Artificial Intelligence Research Resource Task Force), criada pelo presidente norte-americano Joe Biden. Daniela Braga viu o convite oficializar-se em apenas 24 horas e não se sente intimidada. "Estou entre pares".
O convite foi uma "surpresa e uma honra", diz Daniela Braga, a portuense de 43 anos que há nove anos se instalou em Seattle, onde acabou por fundar a DefinedCrowd, uma empresa ligada à inteligência artificial (IA) e dados para "machine learning". A empresária não se sentiu intimidada. "Conheço alguns dos outros parceiros e estou entre pares", garante ao JN.
Para além de dar um contributo numa área estratégica na qual se está a desenvolver tecnologia de ponta, o convite é "muito especial" pelo que representa no contexto da administração Biden: "Uma mulher que fundou uma empresa, uma imigrante que se nacionalizou, alguém que traz um passado ligado à investigação", destaca a empresária.
Antes de fundar a empresa, Daniela Braga, que estudou linguística e engenharia, teve um percurso académico ligado à investigação e trabalhou para a Microsoft. Esta empresa "salvou-me da academia", diz, explicando que, com ela, foi à China e Estados Unidos, onde acabou por se fixar e nacionalizar. Hoje, a DefinedCrowd, que tem escritórios nos Estados Unidos, Portugal e Tóquio, debruça-se sobre o acesso a dados e componente de "cognitive services". "Não há mais ninguém na task force que tenha esta especialidade, que é muito interessante nos dias de hoje, pois diz respeito à comunicação homem-máquina".
"Casa perfeitamente"
O convite para integrar a task force foi feito em apenas 24 horas. Segundo Daniela Braga, a empresa já tinha contactos com Washington. Quando um dos responsáveis pela área comercial soube que estavam a preparar aquele novo organismo, explicou o que fazia a DefinedCrowd. "Eles quiseram falar comigo e, depois, foi tudo muito rápido", tendo-se traduzido num "convite em apenas 24 horas", conta Daniela.
A task force ainda não reuniu, pelo que ainda não sabe em concreto qual o contributo que lhe será solicitado, mas é algo que deverá acontecer "em breve", calcula.
O negócio da DefinedCrowd "casa perfeitamente" com o que a task force pretende, nomeadamente a possibilidade de tornar determinados dados mais acessíveis para o setor da investigação. "É algo que já temos previsto na nossa empresa e que está muito alinhado e vai ao encontro do que a task force quer fazer do ponto de vista de disponibilização de dados".
Os outros parceiros "também têm bases de dados de outras áreas", como na área da biotecnologia e medicina. Cada um representa uma área", frisa, explicando que é importante "permitir o acesso mais estruturado a dados que estão por todo o lado, mas não se conseguem encontrar" e são decisivos para fazer evoluir a tecnologia na área da IA.
Dados anónimos para evolução com ética
"Não se consegue evoluir na inteligência artificial (IA) sem dados, mas pode-se fazer tanto com dados anonimizados", considera Daniela Braga, explicando que os Estados Unidos têm sido "pioneiros no desenvolvimento de IA", enquanto, na Europa, "têm medo da utilização indevida dos dados".
"É preciso fazer as pessoas e as empresas perceberem que podem ser donos dos seus próprios dados e utilizá-los de maneira ética, com regras. É preciso partilhar dados entre países, de outra maneira a escala é muito pequenina e não se consegue evoluir", concretiza.