O presidente turco, Recip Erdogan, diz que mais de nove mil pessoas estão envolvidas nas buscas por desaparecidos após o sismo que abalou a Turquia, esta madrugada. Na Síria, há "famílias inteiras soterradas" e falta equipamento de resgate.
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O sismo de 7,8 de magnitude que abalou a Turquia e a Síria causou mais de 1200 mortos, números oficiais. A maioria das vítimas confirmadas está em solo turco, uma vez que na Síria, um país destroçado pela guerra, é mais difícil ter estimativas. Também, mais difícil socorrer os milhares de pessoas que se estima possam estar soterradas.
"Há famílias inteiras debaixo dos escombros", alertaram os Capacetes Brancos, um serviço de socorro em regime voluntário que há anos tenta salvar vidas na Síria destroçada pela guerra do Governo contra o próprio povo. "Precisamos de equipamento pesado para retirar pessoas dos escombros", alertam, numa mensagem no Twitter, acompanhada por imagens duras, de mortos embrulhados em lençóis.
Segundo aquela organização, há pelo menos 220 vítimas confirmadas, entre as 320 mortes oficiais na Síria. Números que "vão subir muito", avisam, à medida que o salvamento tende a transformar-se em resgate de corpos.
"As primeiras 24-48 horas são cruciais para salvar as pessoas, mas o tempo frio vai reduzir essa janela temporal", disse Steven Godby, especialista em desastres naturais da Universidade de Trent, em Nottingham, no Reino Unido. "A terra tremeu durante a madrugada, enquanto as pessoas estavam a dormir. Com o tempo frio, os que estão soterrados enfrentam a ameaça das baixas temperaturas", acrescentou, em declarações ao jornal britânico "The Guardian", esta segunda-feira.
Tempo frio torna tudo mais difícil
"Todos estão empenhados de alma e coração no resgate, mas o inverno, o tempo frio e o facto de o terramoto ter ocorrido durante a madrugada tornam tudo mais difícil", reconheceu o presidente turco, Recep Erdogan. "Não sabemos até que ponto o número de vítimas vai subir, à medida que se removem os destroços dos edifícios que ruíram", disse o líder turco, numa conferência de imprensa, na qual anunciou 912 vítimas mortais e mais de 2300 feridos, num primeiro balanço do sismo que abalou a Turquia, esta madrugada, e ainda antes de um segundo, quase tão forte, registado cerca das 11 da manhã, hora de Portugal continental.
Recep Erdogan disse que cerca de nove mil pessoas estão envolvidas nas operações de busca. "Hoje é o dia em que os corações de 85 milhões de pessoas batem como um só", disse o presidente turco, que não se livra de críticas. "Estou na região de Iskenrendun. A situação é grave. Mais de 30 edifícios foram destruídos. O hospital está destruído, a situação é muito má", disse Suzan Sahin, do partido da oposição Partido Republicano das Pessoas, ouvida na BBC.
"Infelizmente, o número de mortos vai subir muito", disse Steven Godby. "As primeiras imagens mostram a destruição efeito-panqueca de vários edifícios. Este tipo de destruição está associada a perdas significativas de vidas, normalmente na ordem dos 30%", acrescentou aquele especialista britânico.
Ucrânia pronta a enviar ajuda
A Comissão Europeia está a coordenar o envio de equipas de resgate dos Estados-membros para se juntar às buscas por sobreviventes após o terremoto que sacudiu o sudeste da Turquia e países vizinhos, especialmente a Síria.
"Neste momento há já 11 países que mobilizaram meios para apoiar a Turquia, no quadro do Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Também já transmitimos a nossa disponibilidade à União Europeia, para integrarmos essa equipa de apoio, nomeadamente ao resgate e no quadro de emergência médica", anunciou o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, citado pela Agência Lusa.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, ofereceram ajuda à Turquia e à Síria para enfrentar as consequências do sismo que causou centenas de mortos e muitos desaparecidos. Vários outros países já disponibilizaram ajuda, nomeadamente a Índia, Rússia, Países Baixos, Alemanha, Azerbaijão. Acrescem Estados Unidos, Rússia e Israel, que anunciou que vai enviar ajuda, tanto para a Turquia como para a Síria.
No Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, afirmou que a Ucrânia "está pronta para enviar um grande grupo de equipas de resgate" para ajudar as autoridades turcas.
"Estamos a trabalhar em estreita colaboração com o lado turco para coordenar a implantação do apoio", sublinhou Kuleba, manifestando "profunda tristeza pela perda de vidas e pelos inúmeros danos causados pelo trágico terremoto".
Também o Reino Unido anunciou ajuda imediata para aqueles dois países. "Vamos enviar ajuda imediatamente, incluindo uma equipa de 76 especialistas, equipamento e cães de salvamento" para a Turquia, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros britânicos, James Cleverly.
"Na Síria, a organização de origem britânica Capacetes Brancos mobilizou recursos próprios para responder. Estamos a postos para fornecer ajuda extra", acrescentou Cleverly.