Ao 113.º dia de guerra, quatro líderes europeus visitaram Kiev e Irpin, "símbolo da crueldade inimaginável" da guerra. Macron, Scholz, Draghi e Iohannis disseram apoiar a ideia de conceder à Ucrânia um estatuto de candidato "imediato" à UE. Depois de um corredor humanitário falhado na fábrica Azot, em Severodonetsk, as forças russas afirmaram que iam tentar novamente. Porém, o governador de Lugansk garantiu que "é impossível sair de lá". Os pontos-chave desta quinta-feira:
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- O dia ficou marcado pela visita de quatro líderes europeus a Kiev: o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro italiano Mario Draghi, o chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente romeno Klaus Iohannis. As sirenes de ataque aéreo tocaram na capital, mas isso não impediu a visita a Irpin, uma "cidade heróica, marcada pelos estigmas da barbárie" e "símbolo da crueldade inimaginável". Draghi garantiu que "tudo será reconstruído" na Ucrânia.
- Os líderes apoiam a ideia de conceder à Ucrânia um estatuto de candidato "imediato" à União Europeia. "Apoiamos os quatros o estatuto de candidato imediato à adesão", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, em conferência de imprensa, acrescentando que "este estatuto será acompanhado por um guia e irá ter em conta a situação nos Balcãs e na vizinhança, em particular na Moldávia". O líder ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que a Ucrânia está "pronta" para trabalhar para se tornar "membro de pleno direito" da UE. A Comissão Europeia vai emitir na sexta-feira a sua recomendação sobre a candidatura da Ucrânia à adesão à União Europeia, sendo expectável que se manifeste favorável à concessão do estatuto oficial de país candidato.
- Cerca de dez mil pessoas permanecem em Severodonetsk, no leste da Ucrânia, onde prosseguem violentos combates, segundo o governador de Lugansk, Sergei Haidai. O Kremlin afirmou que as forças russas iam abrir um corredor humanitário para a retirada de civis da fábrica Azot, em Severodonetsk, depois de, ontem, a tentativa ter falhado. Porém, segundo Haidai, centenas de civis não podem sair por causa das barragens de artilharia russas. "É impossível sair de lá agora. Quero dizer, é fisicamente possível, mas é muito perigoso devido aos constantes bombardeamentos e lutas. Se alguém saísse, teria 99% de hipóteses de morrer".
- Um ataque aéreo russo à cidade de Sumy, no norte da Ucrânia, matou quatro pessoas, ferindo outras seis. Um outro ataque russo atingiu um prédio que abrigava civis na cidade de Lysychansk, no leste da Ucrânia, matando pelo menos três pessoas e ferindo pelo menos sete.
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- O Kremlin assegurou que a Rússia está preparada para retomar as negociações de paz com a Ucrânia, culpando Kiev pela falta de resposta às suas propostas.
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- O objetivo estratégico da Rússia é a destruição completa do Estado ucraniano e da nação, disse a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar. Segundo Malyar, "os principais objetivos estratégicos, político-militares e económico-militares da Rússia em relação ao nosso estado continuam a ser a destruição completa do estado ucraniano e da nação, bem como a destruição das fundações militares e económicas do nosso estado".
- O Reino Unido anunciou uma nova vaga de sanções ao Kremlin devido ao "tratamento bárbaro" de crianças na Ucrânia. Na lista de sancionados está a comissária russa dos Direitos das Crianças, Maria Lvova-Belova, acusada de envolvimento na "movimentação e adoção forçada" de duas mil crianças ucranianas. As sanções afetam também o líder da Igreja Ortodoxa Russa, Patriarca Kirill, aliado de longa data de Putin.
- A Alemanha espera entregar à Ucrânia sistemas de lançamento de mísseis "no final de julho" ou "início de agosto", depois de treinar as forças armadas no uso desse armamento. França vai entregar mais seis canhões Caesar, camiões equipados com sistema de artilharia conhecido pela sua precisão. O Reino Unido, por sua vez, comprou e reparou mais de 20 armas de longo alcance - M109s - de uma empresa de armas belga que vai enviar para a Ucrânia. Por fim, a administração Biden vai continuar a fornecer assistência militar significativa à Ucrânia "tão depressa quanto pudermos enviá-la" pelo tempo que for necessário.
- Zelensky "aceitou um convite" da Alemanha para participar na próxima cimeira do G7, no final de junho, na Baviera.
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- O serviço de informações holandês descobriu que um agente militar russo tentou usar uma identidade falsa para se infiltrar no Tribunal Penal Internacional (TPI), que está a investigar acusações de crimes de guerra na Ucrânia. Sergey Vladimirovich Cherkasov criou uma elaborada identidade para tentar entrar nos Países Baixos como cidadão brasileiro para um estágio no tribunal de Haia em abril. O homem, com o pseudónimo Viktor Muller Ferreira, foi detido num aeroporto holandês, foi declarado estrangeiro indesejável e colocado no voo seguinte para regressar ao Brasil, onde enfrentará processos judiciais. Leia mais aqui
-O vice-primeiro-ministro da Rússia Alexander Novak assegurou que 90% a 95% do gás exportado pela Gazprom para países europeus está a ser pago em rublos, cumprindo o determinado pelo Kremlin. Porém, admitiu uma subida maior dos preços do petróleo até ao final do ano, enquanto a OPEP+ debaterá se prolonga o acordo que permite ajustar mensalmente o teto de produção conjunta. Paralelamente, a Rússia advertiu que os problemas técnicos com as turbinas da empresa alemã Siemens poderão levar à suspensão do fornecimento através do gasoduto Nord Stream.
- A Rússia pediu à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) que crie um órgão de arbitragem, uma espécie de "cruz vermelha alimentar", para evitar uma crise alimentar global que gere fome.