Rússia e China estão na dianteira no desenvolvimento de armamento que pode desequilibrar a geoestratégia mundial. Novo tempo de míssil será testado no último mês.
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Vladimir Putin chama-lhe a "arma do futuro". Foi testada pela Rússia em 2019 e continua a evoluir. A China também já tem mísseis hipersónicos, embora tenha desmentido o último teste com carga nuclear. Os Estados Unidos correm atrás, desconfiados de Pyongyang e preocupados com o avanço do antigo e do novo rival mundial.
No final de setembro, a Coreia do Norte anunciou ter testado um míssil hipersónico, um que se desloca a baixa altitude, pode ser manobrado e viaja ao dobro da velocidade dos mísseis balísticos intercontinentais.
Ankit Panda, especialista em assuntos norte-coreanos e analista do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, viu nas imagens difundidas por Pyongyang algo parecido com uma arma hipersónica. "Mas isso diz-nos pouco sobre os materiais de que é feito ou a resposta aerodinâmica em modo real", vincou, ao portal de notícias "Insider".
Uma versão corroborada pela Coreia do Sul, ao considerar que que o míssil exibido pelo vizinho do Norte "parecia estar num estado inicial de desenvolvimento, que irá requerer um tempo considerável até que possa ser usado". Essa é, aliás, uma situação comum à maioria dos países nesta corrida.
Rússia na liderança
As exceções são o velho inimigo e o novo adversário dos EUA. "Tanto a China como a Rússia têm capacidade operacional" para usar mísseis hipersónicos, refere um relatório do Grupo de Investigação do Congresso norte-americano.
De acordo com o jornal "Financial Times", a China lançou em agosto um míssil hipersónico com capacidade nuclear, que contornou a Terra em órbita até ao alvo e surpreendeu "os serviços de inteligência dos EUA". Pequim desmentiu, disse que fez apenas "testes de rotina de um veículo espacial".
Versão que não tranquiliza o representante norte-americano na Conferência para o Desarmamento, Robert Wood. "Os EUA estão muito preocupados" com o que a China está a fazer com mísseis hipersónicos, disse.
"A China entende as armas supersónicas como fundamentais para moldar o ambiente estratégico mundial", escreve Holmes Liao, num artigo publicado pela "The Jamestown Foundation", uma organização fundada em Washington, em 1984, com a missão de avaliar e reportar ameaças à soberania dos EUA.
Mas Pequim não é o único jogador neste tabuleiro. Índia, Austrália, França e Alemanha também estão a desenvolver esta arma. E há ainda Israel.
Cameron Tracy, um especialista em controlo de armas da Universidade de Satanford, nos EUA, considera que os mísseis hipersónicos são uma grande "evolução" e um motivo de alarme.
"Não é uma situação tranquilizadora. Seria avisado agir o mais rápido possível para os enquadrar num tratado de armas nucleares hipersónicas, procurando trazer a China e Coreia do Norte, que não fazem parte de qualquer convenção", disse Tracy, em declarações à agência Reuters.
Face a esta ameaça, os EUA têm em marcha um programa agressivo de desenvolvimento, tendo planeado cerca de 40 testes nos próximos cinco anos. Na semana passada foram bem sucedidos num ensaio da NASA e contam produzir mísseis hipersónicos até 2025.
Rússia
Tecnologia de ponta
O novo 3M22 Zircon, ou Tsirkon, é olhado pelo presidente russo, Vladimir Putin, como a "arma do futuro". Pode acelerar até Mach 9", cerca de 11 mil quilómetros por hora.
400 quilos
O Tsirkon tem cerca de 10 metros de comprimento, pesa entre 300 e 400 quilos e um raio de ação de mil quilómetros. (conhecido pela NATO SS-N-33), pode ser disparado do mar ou de terra e foi desenhado para atingir tanto alvos navais como terrestres.