Uma missão de paz liderada por seis dirigentes africanos vai partir "o mais rapidamente possível" para a Ucrânia e a Rússia para tentar "encontrar uma solução pacífica para o conflito devastador", anunciou, esta terça-feira, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.
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O presidente russo, Vladimir Putin, e o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky "concordaram em receber a missão e os chefes de Estado africanos em Moscovo e em Kiev", disse o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, numa conferência de imprensa na Cidade do Cabo.
Para além da África do Sul, a missão incluirá o Senegal, a Zâmbia, o Congo, o Uganda e o Egito, adiantou o chefe de Estado sul-africano.
Ramaphosa, que disse ter falado com os seus homólogos russo e ucraniano em "telefonemas separados" durante o fim-de-semana, disse esperar "trocas sustentadas com ambos os líderes" durante a missão.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi informado da proposta de missão de paz africana "e acolheu-a favoravelmente", adiantou Ramaphosa.
Os países africanos têm sido menos unânimes do que as grandes potências ocidentais na denúncia da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Países como o Senegal e a África do Sul abstiveram-se de votar numa resolução da Organização das Nações Unidas que a condenava.
Na segunda-feira, o presidente sul-africano tinha manifestado a sua indignação, afirmando que Pretória estaria a ser alvo de uma "pressão extraordinária" para escolher um lado.
Próxima do Kremlin desde a época da luta contra o 'apartheid', a África do Sul sempre se recusou a condenar a invasão da Ucrânia, alegando manter-se "neutra" e querer dar prioridade ao diálogo.
Esta posição tem irritado alguma comunidade internacional, especialmente desde que Pretória acolheu exercícios navais com a Rússia e a China, em fevereiro, pouco antes do primeiro aniversário da invasão russa, reacendendo as preocupações ocidentais.
O anúncio de uma missão africana surge também após as recentes tensões entre Pretória e Washington sobre a questão russa.
O embaixador dos EUA na África do Sul afirmou na semana passada que um navio de carga russo tinha atracado perto da Cidade do Cabo em dezembro e estava a regressar à Rússia com armas e munições.
O Governo sul-africano afirmou que não havia registo de vendas de armas aprovadas pelo Estado à Rússia durante o período em questão e o Presidente Ramaphosa anunciou uma investigação sobre o assunto.