Hadi Matar, suspeito de atacar o escritor britânico Salman Rushdie, alega que leu duas páginas do romance mais controverso do autor "Os Versículos Satânicos", livro que levou à revolta do Islão por "desrespeitar Maomé". O atacante afirma que atuou sozinho.
A defesa de Hadi Matar, de 24 anos, alegou que o suspeito é inocente do esfaqueamento do autor britânico Salman Rushdie, em Nova Iorque, na semana passada.
Numa entrevista que Matar fez da prisão ao jornal "The New York Post", o alegado agressor afirma que vê o autor como alguém que "atacou o Islão" "Eu não gosto da pessoa. Eu não acho que seja boa pessoa. Eu não gosto dele. É alguém que atacou o Islão, atacou as suas crenças", afirma.
O suspeito, no entanto, não confirmou se o motivo do ataque se deve à fatwa (decreto religioso) emitida em 1989 pelo Líder Supremo do Irão, Ayatollah Khomeini, apelando à morte de Rushdie e dos seus editores, após a publicação em 1988 do livro "Os Versículos Satânicos", o romance que foi considerado por muitos muçulmanos como desrespeitoso em relação ao profeta Maomé.
Matar conta ainda que leu duas páginas do livro polémico, mas deixou claro que apoiava o antigo líder islâmico, autor da fatwa dirigida ao escritor britânico. O acusado negou estar em contacto com o Estado Islâmico e afirma ter atuado sozinho. Na mesma entrevista, declarou ainda que estava surpreendido que Rushdie tenha conseguido sobreviver.
O autor do livro "Os Versículos Satânicos", que andou escondido durante nove anos, foi esfaqueado 10 vezes, tendo ficado com danos no fígado e múltiplos nervos no braço e no olho.
Matar foi acusado de tentativa de homicídio e agressão e foi declarado inocente pelo seu advogado numa audiência no sábado.
No início desta semana, a mãe de Matar contou que deserdou o filho depois de este ter passado uma temporada com o pai e ter voltado "completamente mudado". "Esperava que ele voltasse motivado para completar a escola, para conseguir o diploma e um emprego. Mas, em vez disso, fechou-se na cave sem falar comigo nem com as irmãs durante meses", disse Silvana Fardos.
Matar está em prisão preventiva. Os procuradores temem que ganhe uma recompensa pelo ataque.