O efeito do novo coronavírus, detetado em dezembro, na China, já chegou à literatura. Em poucos dias, "A Peste" (1947), considerada a obra-prima de Albert Camus, e o romance "Ensaio sobre a Cegueira" (1995), de José Saramago, subiram ao topo das vendas online.
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Segundo avança o jornal italiano "La Repubblica", o livro do escritor franco-argelino Albert Camus, que ocupava, há um mês, a 71.ª posição no ranking de vendas do portal ibs, está agora em terceiro lugar. Além disso, subiu, esta terça-feira, para a 10.ª posição da categoria de clássicos da Amazon, com as vendas triplicadas.
Por sua vez, o "Ensaio sobre a cegueira" está no top-10 do ibs e em 5.º lugar na Amazon, registando um crescimento de 180% nas vendas. Em ambos os casos, destaca-se o fascínio pelos assuntos atuais e o desejo de redescobrir livros do passado, ainda que os cenários descritos nas histórias não sejam os mais animadores.
"A Peste", de Albert Camus, fala de uma praga que afeta Oran, na Argélia, e de um médico, Rieux, que luta para salvar os doentes e defender a dignidade humana. Sujeita a quarentena, a cidade torna-se irrespirável, com os habitantes a serem conduzidos a estados de loucura mas também de compaixão.
Na mesma linha, o romance "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago, conta a história de uma epidemia de cegueira que se espalha por uma cidade, abalando a vida das pessoas e as estruturas sociais.
Itália, o país europeu mais afetado pelo surto
Nas últimas 24 horas, o novo coronavírus vitimou mais 28 pessoas em Itália, elevando assim o número de mortes para 107, no total, anunciaram as autoridades italianas citadas pela imprensa daquele país.
O Governo italiano está a ponderar encerrar todas as escolas e universidades a partir de quinta-feira e até meados de março devido à epidemia de Covid-19.
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O surto de coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.100 mortos e infetou mais de 90.300 pessoas, em cerca de 70 países, incluindo Portugal, que contabiliza, neste momento, cinco casos positivos.
Das pessoas infetadas, cerca de 48 mil recuperaram, segundo autoridades de saúde de vários países.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco "muito elevado".