Porto, Guimarães e Lisboa integram grupo de 100 metrópoles europeias que querem liderar mudança. Especialistas da Comissão Europeia vão ajudar a delinear plano de ação, mas já há iniciativas em curso.
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Porto, Guimarães e Lisboa, as três cidades portuguesas que integram o lote das 100 metrópoles europeias selecionadas pela Comissão Europeia (CE) para a Missão Cidades Inteligentes e com Impacto Neutro no Clima até 2030, já deram alguns passos prévios para cumprir o objetivo. Agora desenham um plano de ação com especialistas para atingir a meta.
Paulo Ferrão, professor do Instituto Superior Técnico e vice-presidente para aquela missão, diz que as cidades, que albergam 75% da população e emitem 70% dos gases com efeito de estufa, têm de mudar. Nesta fase, ainda não é certo que apoios específicos haverá para estas cidades, mas não ficarão desamparadas na preparação das estratégias.
Redução de 52% no Porto
No Porto, o trabalho feito até agora tem dado frutos. Segundo a Câmara, em 2020 verificou-se uma redução de 52,2% face às 1304,3 de quilotoneladas de equivalente de CO2 emitidos em 2004. Metade provém dos gastos energéticos dos edifícios e 40% dos transportes, áreas que têm sido o principal alvo.
Para Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, integrar o lote de 100 cidades é um "orgulho", mas também uma "responsabilidade". Daí que o município esteja a articular-se com "parceiros nacionais e internacionais" para ir "buscar algum financiamento para alavancar as medidas" que têm pensadas.
Mas sem o envolvimento da população, os resultados dificilmente serão atingidos, até porque, sublinha Filipe Araújo, "os edifícios municipais e a sua atividade só representam 6% das emissões totais da cidade".
Das ações em curso faz parte a instalação de painéis fotovoltaicos na habitação social e não só. A Câmara tem oito milhões de euros para apoiar a transição energética de edifícios particulares. Quem produzir energia para autoconsumo terá redução do valor do IMI. Até 2030, a Câmara estima chegar às 2000 instalações, que produzirão 23 megawatts.
Este ano, a cidade ficará com toda a iluminação pública com LED, o que representa uma poupança superior a milhão de euros por ano. Na área da mobilidade, sobressaem as novas linhas de metro e autocarros a hidrogénio.
Academia exemplar
O desafio da neutralidade carbónica é "ambicioso", reconhece a autarquia de Guimarães, mas "está em linha com todo o trabalho que tem sido realizado nesta área". A autarquia aponta a construção do primeiro edifício público próximo de carbono zero, a Academia de Ginástica, como "um dos exemplos maiores na área da mitigação das alterações climáticas". Nota para o investimento em autocarros elétricos, que representam "mais de 30% de toda a frota". As áreas verdes e restauração dos ecossistemas fluviais são outra aposta. Guimarães não descura, ainda, a "educação e sensibilização dos cidadãos".
Capital solar
Lisboa também já tem um rol de ações com vista à descarbonização. O projeto para "instalar painéis fotovoltaicos em espaços públicos para produzir energia", aproveitando as "2500 horas de sol por ano" da capital, e os "1850 edifícios municipais, aos quais acrescem cerca de 1900 edifícios em bairros municipais", são disso exemplo.
Na mobilidade, e considerando que "os transportes são responsáveis por 43% das emissões de CO2 da cidade", a autarquia aposta na gratuitidade dos transportes públicos para menores de 23 anos, estudantes e maiores de 65 anos, assim como nos modos suaves.
Para melhor adaptar Lisboa às consequências das alterações climáticas, a Câmara obrigou à plantação de duas árvores por cada uma abatida.