Dos quase 50 mil estudantes colocados na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso, 12% estavam já matriculados numa instituição em ano anterior. Naquele que é o valor, tanto absoluto como relativo, mais elevado desde, pelo menos, 2010. No total, dos quase oito mil estudantes que se recandidataram, 74,4% ficaram colocados.
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Analisando os dados disponibilizados ao JN pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior, constata-se que, entre 2019 (antes das alterações às regras de acesso e dos exames nacionais devido à pandemia) e 2022, o número de recandidatos colocados disparou 62% para os 5893. Nesta 1.ª fase, 12,8% dos candidatos estavam já matriculados, que compara com 9,1% em 2019.
Estes dois últimos anos, aliás, respondem pelo maior número, desde 2010, tanto de candidatos já matriculados numa universidade ou instituto politécnico, como de recandidatos colocados na 1.ª fase de acesso. Naquilo que o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior interpreta como mais uma prova "da elevada procura que tem o Ensino Superior".
Impacto do ano covid
Evidenciando também um movimento de correção face ao primeiro concurso em contexto de pandemia (2020), em que as médias de acesso dispararam e foram colocados, na 1.ª fase, quase 51 mil novos estudantes, no maior registo de sempre. Ano em que o número de colocados em primeira opção baixou 2,6 pontos percentuais, para os 50,5%.
"Face a 2010, a percentagem de recandidatos colocados é a mesma, mesmo que o número de candidatos [já matriculados] tenha quase duplicado", observa, ao JN, Fontainhas Fernandes. "É a prova de que os alunos que não entraram nos seus cursos em primeira opção voltaram a tentar novamente, não desistiram".
Valores que admite começarem a diminuir, "se o despacho de vagas mantiver a tendência de aumento do número de lugares nos cursos de excelência e com maior procura, levando mais alunos a entrarem na primeira opção".
Por outro lado, "quanto mais nos afastarmos do ano covid, onde as notas foram mais elevadas, os estudantes deixam de se recandidatar". Tanto que já, nesta 1.ª fase, as médias corrigiram em baixa.
Recorde-se que, neste ano, as provas de ingresso ao Ensino Superior passaram a ter a validade de cinco anos (o ano de realização acrescido de mais quatro), contra os até então três. Um exame de Matemática realizado neste ano, por exemplo, é válido até 2026.