Centro comercial aposta nas energias renováveis e na digitalização para otimizar custos.
Corpo do artigo
A impressora do escritório quase não é ligada, a receção já não se enche de lojistas que querem resolver problemas e, há mais de uma década, ninguém chega à administração para entregar blocos em papel com os relatórios das vendas. No centro comercial Braga Parque, o mais movimentado da cidade dos arcebispos, a tecnologia e digitalização dos processos são uma realidade há vários anos e vieram facilitar a vida do diretor-geral, António Afonso, e do diretor de operações, César Verde.
"A nossa receção, agora, está sempre calma. Mas há dez anos tinha sempre pessoas, porque tudo o que eram questões do dia a dia, a única de maneira de as tratar era virem ao balcão. Agora está tudo informatizado num portal", começa por lembrar António Afonso, para dar logo outro exemplo da evolução tecnológica. "Atualmente, a informação sobre as vendas diárias das lojas é feita online. Durante muitos anos, eram escritas nuns blocos, com papel químico. Uma vez por semana, tinham de vir à administração entregar o papel e assinávamos. Havia uma funcionária que tinha a tarefa de introduzir aquilo tudo no computador. Imagine se fosse agora com 180 lojas?", atira o diretor.
Segundo António Afonso, desde que foi inaugurado, há 23 anos, o Braga Parque foi deixando de lado os faxes e relatórios de vendas em papel, mas também se tornou cada vez mais eficiente e inteligente. Um dos investimentos mais representativos foi ao nível energético, com aposta nas energias renováveis. "Temos 3080 painéis fotovoltaicos na cobertura", contabiliza César Verde, sublinhando que, do total da energia que o edifício consome, "entre 10% e 15% é autoconsumo".
As contas ganham mais relevância quando, lamenta António Afonso, os custos da energia, em três anos, "passaram para o dobro". O sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado "representa cerca de 50%" da fatura, admite o responsável, adiantando que os gastos não são maiores, porque o edifício também já conta com "iluminação ajustada em função da sensibilidade da luz, janelas laterais que abrem e fecham conforme a temperatura interior e exterior e cortinas de ar nas portas".
O próximo passo é substituir, nas áreas comuns do edifício, 500 luminárias por tecnologia LED. O mesmo será feito no parque de estacionamento, com 1500 lâmpadas. "Vamos passar de 740 mil quilowatts para 272 mil", atesta César Verde.
Limpeza e segurança
"O desafio é manter o equilíbrio entre o conforto que se dá aos clientes e a otimização em termos de custos, poupança de energia e sustentabilidade", resume António Afonso, admitindo que, além da energia, os principais gastos de um centro comercial estão relacionados com a limpeza, manutenção e segurança. E é esta última área que dá mais dores de cabeça ao diretor de operações. "Num edifício onde passam 12 milhões de pessoas por ano, pode acontecer de tudo", remata.
Edifícios inteligentes
Taipei Financial Center
Localizado no Taiwan, trata-se de um edifício com 101 pisos e 3400 dispositivos que conseguem sincronizar o funcionamento do ar condicionado com a presença de pessoas. O edifício inteligente consegue poupar cerca de 639 mil euros por ano, face a um equipamento convencional.
The Crystal
Situado no Leste de Londres, Inglaterra, o pavilhão concebido pela Siemens, foi considerado um dos mais sustentáveis do Mundo. Com recurso a painéis fotovoltaicos e fontes alternativas, consome 46% menos energia e emite 65% menos dióxido de carbono do que edifícios idênticos.
The Edge
Sede da Deloitte, em Amesterdão, Países Baixos, foi considerado o edifício mais verde e inteligente do Mundo. Conta com 28 mil sensores, ligados a uma rede que não só coordena a logística do edifício e das pessoas, como recolhe e analisa dados sobre o comportamento da comunidade.