A cadência de episódios que catapultaram Paulo Morais para o mediatismo político é grande, principalmente nos últimos anos. Sendo que quase todos se encaixam dentro do mesmo separador: o do combate à corrupção.
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Licenciado em Matemática - e não jurista, como muitos pensam que seja -, nasceu em Viana do Castelo, mas desde os tempos de estudante que faz do Porto o seu palco. Começou por ser dirigente associativo na Faculdade de Ciências e nunca mais parou. Passou pelo setor empresarial e foi vice--presidente da Câmara Municipal do Porto. Hoje é professor na Universidade Portucalense, no Porto, investigador, escritor, e destacou--se no cargo de vice-presidente da Direção da Transparência e Integridade Associação Cívica (TIAC), cargo que suspendeu em março do ano passado para se candidatar à Presidência da República.
Amigos não lhe faltam, dizem... os próprios amigos. Alguns dos quais, conhecendo-o já desde bastante novo, asseguram que a sua personalidade vincada e correta pouco ou nada mudou.
Delfim Gomes Neto é um amigo de infância do candidato, doutorado em Engenharia e Gestão Industrial. A história que conta passou-se em Viana do Castelo quando ambos tinham 14 ou 15 anos. E marcou Delfim Neto porque guarda o momento como "uma lição". "Íamos ter um teste de História e um colega da turma, já não me recordo como, conseguiu obter o enunciado". A turma ao tomar conhecimento da situação não quis deixar de espreitar. Todos menos um, afirma Delfim Neto: "O Paulo, pura e simplesmente, não quis olhar para o enunciado. E disse que não com muita convicção!".
No dia do teste: "O professor viu a turma toda entusiasmada e não estava a perceber o que se passava, mas depois de corrigir os testes compreendeu. Mesmo aqueles que costumavam ter más notas estavam com bons resultados". O teste teria de ser repetido, mas houve um colega que saiu em defesa do agora candidato independente: "O Paulo Morais não tem de repetir o teste porque ele não quis sequer ver o enunciado. E como mais ninguém contestou, o professor aceitou e o resto da classe lá repetiu o teste, menos Paulo Morais.
Helena Ramos, uma amiga dos tempos de escola, que se mantém até hoje, recorda que desde essa altura o candidato "sempre esteve muito atento às causas sociais, sobretudo à injustiças" e que não tinha problemas em abordar as pessoas na rua para as ouvir".
Ana Isabel Silva foi colega de faculdade de Paulo Morais. Recordações desse tempo não lhe faltam, mas há uma em especial: "Quando fazíamos parte da associação de estudantes, costumávamos brincar e dizer que um dia ele ia ser primeiro--ministro e depois arranjávamos ministérios para todos nós. Mas o que eu nunca pensei é que ele se candidatasse a presidente da República". O espanto dura pouco nas palavras da amiga porque, tanto ficou admirada como "não me surpreende assim tanto ele meter-se numa aventura destas, porque ele é mesmo assim". Até porque, conclui, "apesar de ele ser social-democrata, discorda de muita coisa do partido e quando ele discorda com alguma coisa, ele fala, doa a quem doer".
E é assim desde os tempo de faculdade, em que se reuniam no café Piolho, onde Morais apresentou a sua candidatura.
José Martins, o dono do mítico café de estudantes do Porto, conhece-o desde essa altura. "Gosto muito de o ouvir. Ele é uma pessoa que nos diz o que está mal. Mas se lhe perguntar: "Mas como se podia fazer melhor?" Ele aponta logo soluções. Não é fácil encontrar uma pessoa assim, porque há muito quem diga o que está mal, mas se perguntarmos o que é necessário para fazer bem, ninguém sabe", sublinha, satisfeito. v