Tem em casa sapatos ou ganga danificada? Uma cidade construída do zero quer ensinar as pessoas a repararem os seus produtos. A Cidade do Zero vai funcionar este fim de semana no Centro Cultural de Belém (CCB), entre as 10 e as 22 horas, com 120 bancas onde pode trocar ou reparar roupa, sapatos e até eletrodomésticos.
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“A sustentabilidade quer-se democrática e não elitista”. Esta é a ideia com que Catarina Barreiros, fundadora do projeto Do Zero, abre as portas da cidade que vai trazer, pela segunda vez, em discussão em torno da sustentabilidade a Lisboa. “É um lugar onde toda a gente pode fazer um pouco de tudo, com a liberdade de não ser necessário dinheiro para ter roupa ou livros novos, por exemplo”, conta ao JN.
Desta vez com o objetivo de ensinar as pessoas que a visitam a repararem os seus produtos e serem sustentáveis no seu dia a dia, a Cidade do Zero vai ter mais de 120 bancas e 100 palestras (que requerem inscrição prévia), workshops e oficinas gratuitas, sendo que muitas já estão esgotadas. Haverá um mercado de trocas de livros, plantas e roupa e outro de vendas em segunda mão e várias oficinas de reparação de calçado, roupa, pequenos eletrodomésticos e bicicletas.
Para quem estiver a pensar fazer uma visita à Cidade do Zero, o arquiteto responsável, Manuel Cruchinho, garante que “o vento não vai ser um problema”, visto que as estruturas de madeira estão preparadas para enfrentarem as condições climáticas previstas para o fim-de-semana, de vento e alguma chuva. O recinto também está adaptado a pessoas com mobilidade reduzida e há a possibilidade de pedir a tradução do evento para Língua Gestual Portuguesa.
Construir casa para abelhas
Uma cidade para a família toda, com uma praça para crianças onde os mais novos podem transformar borras de café em cogumelos, construir uma casa para abelhas ou fazer sais de banho. Também vão estar disponíveis fontes de água para os animais – que podem, com trela, andar pelo recinto – e provas de vinho, azeite e queijo gratuitas para os adultos. Haverá também workshops de cozinha e oficinas, entre outras atividades, uma zona de restauração para refeições completas e quatro espaços lounge.
A Cidade do Zero gira em torno da sustentabilidade, não apenas com os eventos organizados ou parcerias e marcas escolhidas, mas também com a sua construção. Durante a criação da cidade, os responsáveis focaram-se na origem dos materiais e no seu destino depois do evento (nada será deitado ao lixo).
“O nosso fornecedor disse que tinha certos materiais e nós pensámos em como os utilizar com o mínimo de desperdício possível. Com os restos da madeira, criámos vasos onde vamos meter pedras, também restos de outras construções [realizadas pelos fornecedores], para estabilizar as bancas. Até os parafusos são e vão ser reutilizados” conta Manuel Cruchinho.
Nesta cidade poderá aprender a “fazer hortas em qualquer lado”, com André Maciel ou aprender a “deixar de ser um plantassasino”, com Sofia Manuel. Se tiver interesse em finanças há um “bairro” dedicado a finanças sustentáveis com a start-up GoParity no piso 0, ou palestras, como “Se o dinheiro é que mexe o mundo, como o fazemos mexer para o bem?” com António Miguel, da MAZE, e Filipa Saldanha do Crédito Agrícola. Haverá salas dedicadas a diferentes tópicos, como a saúde (incluindo a saúde mental e a saúde da mulher), o envelhecimento ativo, a inclusão ou a resiliência climática.
Marcas também estarão presentes
No piso um poderá contar com marcas como a Salsa, que vai oferecer a reparação de calças de ganga da sua marca. A The Loop vai marcar presença com entrevistas de emprego estilo speed-dating, e responder a dúvidas sobre tecnologia. O Pingo Doce também vai estar presente, com uma sala dedicada a debates e palestras e com o “Bairro Pingo Doce” com demonstrações de culinária focadas no desperdício zero.
Madalena Reis, administradora da Fundação Centro Cultural de Belém, conta que a sustentabilidade e fomento de debates e troca destas ideias encaixam-se “nos objetivos do CCB, que também é uma 'cidade aberta'”. “É com muito gosto que o CCB acolhe no seu espaço a Cidade do Zero”, afirmou.
Para mais informações e inscrição em palestras pode visitar o site da Cidade do Zero (https://do-zero.pt/cidadedozero/) e, caso precise de tradução para Língua Gestual Portuguesa deve enviar um email para: mercado@do-zero.pt.
A Cidade do Zero conta com o apoio da Delta, da GoParity e da EMEL. A AEG, Asus, Be@t, Casa Mendes Gonçalves, Civifran, Companhia das Madeiras, DECO, Eletrão, EMEL, Grupo Ageas Portugal, GROHE, Pingo Doce, Planta Livre, Salsa Jeans, The Loop e Volvo são as novas empresas parceiras nesta segunda edição da “cidade mais sustentável e inclusiva do país”.