São estudantes, mas a luta atual da classe veio despertá-los para a realidade da profissão. Estão a fazer contas à vida, a ensaiar hipóteses.
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Muitos têm esperança que as negociações entre Governo e sindicatos tragam mudanças e lhes permitam cumprir o sonho do Serviço Nacional de Saúde. Outros antecipam cenários alternativos. Há quem já tenha tudo preparado para emigrar e também há os que sabem que, perante as condições atuais, o setor privado será o caminho. A fuga dos recém-graduados está à espreita.
As manchetes dos jornais dão pistas preocupantes. Longos meses de negociações entre Governo e médicos, novas condições contratuais decididas unilateralmente pela tutela - Marcelo Rebelo de Sousa promulgou na semana passada o regime da dedicação plena, que é opcional e prevê um suplemento salarial de 25%, mas que aumenta o número de horas extraordinárias obrigatórias de 150 para 250 -, uma classe revoltada e uma luta há muito anunciada. O resto é sabido. A recusa cada vez mais generalizada dos médicos em fazer horas extra para lá das 150 obrigatórias, serviços de urgência num caos, a escassez de recursos a vir à tona, um novembro dramático a ser antecipado.