A taxa de abandono escolar voltou a bater um recorde histórico: baixou para os 5,9%, revelou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística. O indicador desce consecutivamente desde 2006, diminuindo para menos de metade nos últimos seis anos, sublinhou o Ministério da Educação.
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As avaliações trimestrais já apontavam para nova descida da taxa de abandono escolar precoce mas hoje o INE confirmou o valor anual de 2021: 5,9% no país, 5,3% no Continente, 23,2% na Região Autónoma dos Açores e 10,6% na Madeira. A taxa é um indicador estatístico, definido pelo Eurostat, que apura a percentagem de jovens entre os 18 e 24 anos que não concluíram o ensino secundário e não estavam a estudar ou em formação no ano passado.
A estatística do INE revela ainda que o abandono registado pelos rapazes é muito superior ao das raparigas: a taxa nacional é de 7,7% (mais 3,6 pontos percentuais do que elas), no continente foi de 6,9% (mais do dobro da registada pelas jovens, 3,6%), nos Açores foi de 28% (a das raparigas foi de 18,4%) e na Madeira 16,3% (não revelando o INE o valor do abandono entre as jovens nesta região autónoma).
Portugal registou assim, frisa o ME no comunicado enviado às redações, "o decréscimo mais significativo de todos os países da União Europeia". A taxa de 2021, aliás, já fica bem abaixo da meta definida por Bruxelas para 2030: abaixo dos 9%.
"Este é um trabalho de vários anos, não deixando todavia de ser ainda mais significativo, num ano marcado pelos impactos da pandemia de Covid-19, em que as escolas portuguesas se mostraram especialmente resilientes", congratula-se a tutela.
O possível risco de subida dos níveis de abandono precoce era uma preocupação diversas vezes manifestada tanto por diretores como pelo Conselho Nacional de Educação, que num estudo sobre o impacto da pandemia nas escolas, alertava que cerca de metade dos professores e diretores, inquiridos no final do primeiro confinamento, considerou que o encerramento das escolas aumentou o risco de abandono escolar, especialmente entre os alunos mais vulneráveis.
O Ministério atribui a tendência de descida da taxa a "um novo quadro de políticas públicas assentes na autonomia e flexibilidade curriculares e na educação inclusiva que conferiram às escolas mais instrumentos" como, o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, as tutorias ou a "melhoria dos processos de avaliação".