Portugal atinge mínimo histórico e supera meta de abandono escolar definida para 2030
A taxa de abandono escolar precoce em 2021 foi de 5,9%, revelou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística. O valor é um novo mínimo histórico que está em queda consecutiva desde 2006, reduzindo para menos de metade nos últimos seis anos (foi de 14% em 2016).
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Portugal regista, assim, o maior decréscimo entre todos os países da União Europeia, ficando bem abaixo da média dos 27, que ronda os 10%, e já superou a orientação definida pela Europa para 2030 que pede aos estados-membros um valor abaixo dos 9%. Espanha, por exemplo, atingiu o mínimo histórico de 13%.
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"Este é um trabalho de vários anos, não deixando todavia de ser ainda mais significativo, num ano marcado pelos impactos da pandemia de covid-19 em que as escolas se mostraram especialmente resilientes", frisou o Ministério da Educação em comunicado. Recorde-se que, durante os períodos de ensino à distância, houve alertas, como o do Conselho Nacional de Educação, quanto ao risco de subida do abandono.
"Esforço hercúleo"
"É excelente. A escola pública tem todo o mérito. Devia orgulhar tanto o país como o bicampeonato europeu da seleção de futsal", frisa ao JN o presidente da associação nacional de diretores (ANDAEP). Filinto Lima sublinha que a taxa traduz o "esforço hercúleo de professores e técnicos especializados das escolas não deixarem ninguém desligado durante a pandemia".
"Chegámos a ir a casa dos alunos e até ficámos mais próximos e a conhecer o contexto em que vivem e estudam", insiste, alertando que até 2030 "não se pode baixar a guarda".
Já o presidente da associação nacional de dirigentes (ANDE), classifica o novo indicador de "fantástico". Para Manuel Pereira para se atingir um dos valores mais baixos de abandono escolar precoce da Europa contribuíram fatores como a escolaridade obrigatória de 12 anos e políticas educativas que apostaram na autonomia das escolas, nomeadamente na gestão dos currículos ou nos percursos escolares alternativos. "Não esquecer que esta taxa concorre com a oferta de emprego apetecível para os jovens a partir dos 16 anos. O país tem motivo para se orgulhar", defende.
A taxa de abandono escolar precoce é um indicador estatístico, definido pelo Eurostat, que apura a percentagem de jovens entre os 18 e 24 anos que não concluíram o Secundário e não estavam a estudar ou em formação em 2021. De acordo com os dados divulgados hoje pelo INE há discrepâncias regionais e de género:a taxa no Continente foi de 5,3%, nos Açores de 23,2% e na Madeira de 10,6%. A nível nacional, por exemplo, foi de 7,7% entre os rapazes e de 4,1% entre as raparigas.