A Oposição criticou esta quarta-feira severamente o acordo de rendimentos a 4 anos celebrado entre o Governo e as confederações patronais e a UGT.
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PCP e Bloco de Esquerda falam num "acordo de empobrecimento", com o PSD a saudar a preferência do Governo pelos "parceiros sociais em vez dos parceiros da 'geringonça'". Já a Iniciativa Liberal retomou o tema dos fundos públicos canalizados para a TAP, criticando o dinheiro gasto na empresa. O Chega foi mais severo na crítica ao descrever uma "austeridade socialista", falando numa tática de "empobrecimento dos portugueses". O PAN gostaria que a seca e a poupança de água integrassem o acordo, assim como uma atualização dos escalões de IRS capaz de colmatar a pressão da inflação sobre os rendimentos. O Livre gostava de ver os sindicatos reforçados e os trabalhadores representados nas administrações das empresas.
Reunida em plenário na tarde desta quarta-feira, a Assembleia da República criticou em uníssono o louvor dado pelo PS ao acordo celebrado no passado domingo entre os parceiros sociais e o Governo. "Estabilidade e prudência" foram os termos usados pelo deputado socialista Francisco César para descrever o acordo que, em seu entender, colocou o "interesse nacional acima de tudo". Mas foi apenas na bancada do PS que se ouviram palavras de apreço.
Da esquerda à direita soaram críticas à ação governativa, a começar pelo PSD que entende que o "PS apenas conseguiu este acordo porque, pela primeira vez em sete anos, preferiu os parceiros sociais aos parceiros da 'geringonça'". A agenda do trabalho digno foi igualmente mencionada pelo deputado do PSD Pedro Roque, mas pela sua ausência do acordo, questão à qual o PS não respondeu.
Ainda à direita, Rui Rocha, da Iniciativa Liberal (IL), retomou as críticas ao dinheiro canalizado para a TAP e numa correção ao lema do PS "Famílias primeiro", afirmaram que a "TAP vem antes das famílias". Mais severo no tom e abrangente na crítica foi o Chega (CH). O líder parlamentar do partido, Pedro Pinto, denunciou a "austeridade socialista" que entende ser uma tática para "manter os cidadãos dependentes do Estado". Acusou ainda a ação do executivo socialista de "fraude" quanto à alteração à lei das pensões e apelou a que o Governo intervenha na problemática do alojamento estudantil.
"Famílias primeiro só mesmo as que têm cartão socialista", concluiu Pedro Pinto.
"Políticas de empobrecimento" à esquerda
Pela esquerda, "empobrecimento" foi a palavra de ordem na descrição do acordo celebrado entre o Executivo e os parceiros sociais, a começar por Alfredo Maia do PCP. O deputado comunista entende que não há acordo que trave a especulação e lucros excessivos, quando se vive numa "política de empobrecimento". Por outro lado, acusou o Governo de entregar "borlas fiscais" às empresas, dando como exemplo o Novo Banco que "apresenta prejuízos todos os anos e não vai pagar um cêntimo de impostos".
Semelhante foi o discurso do deputado bloquista José Soeiro, para quem este acordo representa um "banquete" para os patrões, igualmente através de uma "borla fiscal" no IRC. "É um acordo de empobrecimento", afirma.
Já o PAN, na voz de Inês Sousa Real, lamenta que a seca ou a poupança de água não tenham sido mencionadas no acordo e que a atualização dos escalões de IRS seja insuficiente para combater a perda de rendimentos para a inflação. Rui Tavares, dirigente do Livre, acrescentou que "o caminho" a percorrer neste acordo deveria ter sido através do reforço dos sindicatos e pela inserção de trabalhadores nos quadros administrativos das empresas.