AD volta à casa de partida. IL, PS e Chega são os que mais descem. BE e Livre os que mais sobem
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A perda de quase um ponto percentual faz com que a AD (34,2%) regresse ao patamar com que partiu nestas sondagens diárias da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN. Mas a vantagem sobre o PS (26,3%) cresce de sete para oito pontos. Há mais dois partidos em queda, para além dos socialistas, no comparativo entre o primeiro e o último relatório: a IL (6,3%) e o Chega (16%). Ao contrário, os partidos que mais cresceram ao longo destes sete dias são o BE (2,8%) e o Livre (4%). A CDU (3,1%) destaca-se pela estabilidade e o PAN (0,7%) pela ameaça persistente de desaparecer do Parlamento.
Os resultados da “tracking poll” permitem várias leituras. Uma delas, agora que já se somam sete dias consecutivos de resultados, é a que compara o ponto de partida com a situação atual. No que diz respeito à luta pela vitória, salta à vista que a coligação liderada por Luís Montenegro, depois de várias oscilações, voltou à casa de partida (34,2%). Mas, se ao fim de uma semana de campanha eleitoral tudo parece ter ficado na mesma, quando se analisam os segmentos sociodemográficos da amostra percebe-se que alguma coisa mudou no apoio ao centro-direita.
Entre 2 e 8 de maio, a AD perdeu seis pontos percentuais entre os eleitores mais novos (18 a 34 anos) e ganhou três entre os mais velhos (55 ou mais anos), ao ponto de estar agora nove pontos à frente do PS nesta faixa etária crucial (é a mais numerosa, tende a abster-se menos e concentra dois terços dos votos nas duas grande forças políticas). Os socialistas, por sua vez, perdem um pouco mais de um ponto percentual desde o tiro de partida desta sondagem diária, precisamente à custa dos eleitores mais velhos, em que a quebra, relativamente ao primeiro dia de sondagem, é de quatro pontos.
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Chega a subir nos mais novos e a cair nos mais velhos
Ainda assim, o partido que mais perde, desde o arranque desta sucessão de sondagens, é a Iniciativa Liberal (6,3%), com menos um ponto e meio (mesmo que possa continuar a reivindicar um crescimento também de ponto e meio face às últimas legislativas). O Chega continua num sólido terceiro lugar (16%) perdendo apenas seis décimas relativamente ao ponto de partida. No entanto, e tendo em conta as três faixas etárias em que se divide a amostra, as mudanças no apoio a André Ventura são um pouco mais substanciais, uma vez que ganha três pontos entre os mais jovens (18/34 anos) e perde dois entre os mais velhos (55 ou mais anos).
Continuando a comparar o ponto de partida da “tracking poll” e a situação atual, é o BE (2,8%) o partido que mais cresce (um pouco mais de um ponto). Mas os bloquistas de Mariana Mortágua não saem do penúltimo lugar e continuam sob ameaça de verem drasticamente reduzido o seu grupo parlamentar. Com tendência de subida está também o Livre (4%). Embora sejam apenas mais seis décimas do que no arranque, são as suficientes para fazer do movimento de Rui Tavares o maior partido à Esquerda do PS. Isto porque a CDU (3,1%) já leva sete dias de resultados praticamente iguais.
Curiosamente, o número de indecisos volta também à casa de partida, com precisão decimal (17,3%). Mas também aqui se observam oscilações: já não são os mais jovens que mais hesitam, mas a faixa etária entre os 35 e os 54 anos (20%). Em termos geográficos, a indecisão é maior na Região Norte (21%). Se tivermos em conta o voto nas legislativas de 2024, são os antigos eleitores do Livre (30%) e da Iniciativa Liberal (28%) que mais hesitam sobre o que fazer no próximo dia 18 de maio.
Não há sinais de uma maioria estável no Parlamento
Uma das conclusões óbvias deste conjunto de projeções (se assim se mantiverem) é que ao Parlamento que sair das eleições legislativas continuará a faltar uma maioria estável. Mesmo que Luís Montenegro conseguisse juntar os liberais numa coligação pós-eleitoral, as duas forças políticas somam pouco mais de 40 pontos percentuais. São mais sete do que nas últimas legislativas, mas insuficientes para uma maioria de deputados na Assembleia da República.
À Esquerda, o cenário é ainda mais frágil: a soma das quatro forças (PS, Livre, CDU e BE) que conseguiriam eleger deputados (o PAN, no cenário atual, ficará de fora) é de apenas 36 pontos percentuais. No cenário atual, e mesmo sendo o partido que mais perde relativamente às legislativas do ano passado, o fiel da balança voltará a ser o Chega. Ou seja, alguma coisa muda, mas, no essencial fica tudo na mesma.
AD com maior apoio nas mulheres e liberais nos homens
Na análise aos vários segmentos sociodemográficos da amostra, há algumas tendências que se mantêm. Desde logo no equilíbrio de género: o PS continua a ser o partido mais equilibrado e a AD continua a ter um claro pendor feminino (entre as mulheres, Luís Montenegro leva uma vantagem de oito pontos sobre Pedro Nuno Santos). Os liberais continuam a ser o partido mais masculino, mas agora menos acentuado (eles não chegam a ser o dobro delas).
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No que diz respeito às três faixas etárias o destaque vai, desde logo, para a liderança do Chega entre os mais jovens (20%), dois pontos à frente da AD e com o dobro dos socialistas. O partido de Ventura vai perdendo fulgor à medida que os eleitores envelhecem, caído para os 6% entre os que têm 55 ou mais anos. O mesmo acontece aos liberais, que começam nos 14 pontos e caem até aos dois; e ao Livre, de oito pontos para apenas um entre os mais velhos.
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Montenegro já leva nove pontos de vantagem nos mais velhos
Entre os dois maiores partidos, o movimento é ao contrário: o apoio cresce com a idade. Mas há uma alteração bastante significativa entre o primeiro e o último dia desta “tracking poll”: a 2 de maio a vantagem de Luís Montenegro para Pedro Nuno Santos neste importante segmento, que inclui os pensionistas, era de apenas dois pontos percentuais, e nesta última entrega da Pitagórica são nove, uma vantagem que parecia impensável.
No que diz respeito à geografia do voto, os socialistas só lideram na Região Centro, com mais três pontos do que a coligação de centro-direita. A mesma vantagem que agora a AD tem em Lisboa. É portanto na Região Norte e no sul e ilhas que se cavam as maiores diferenças entre os dois grandes candidatos a primeiro-ministro. Uma vez que a região da capital é a menos generosa para o “Bloco Central”, não surpreende que seja aqui que se projetam os melhores resultados da maior parte dos pequenos partidos, em particular à Esquerda (Livre, CDU e BE). Os liberais conseguem a sua melhor marca no Norte e o Chega no sul e ilhas.
Rocha, Tavares e Raimundo são os únicos com saldo positivo
A sondagem diária da Pitagórica continua a medir outros indicadores, para além da intenção de voto. Um deles diz respeito ao impacto da exposição mediática, ou seja, se a opinião dos portugueses sobre cada candidato está a melhorar ou a piorar. Confirma-se a tendência inicial, ou seja, que os líderes políticos melhor avaliados são Rui Rocha (IL, com um saldo positivo de 13 pontos, e Rui Tavares (Livre), com um saldo positivo de 12 pontos; e a tendência recente, com Paulo Raimundo (CDU) a conseguir agora três pontos de saldo positivo.
André Ventura (Chega), é o que tem pior avaliação (saldo negativo de 21 pontos), logo seguido de Mariana Mortágua (BE), com um saldo negativo de 18 pontos. Outra tendência que se repete é que Pedro Nuno Santos (PS), com um saldo negativo de 13 pontos, continua em pior situação do que Luís Montenegro (AD), com um saldo de cinco pontos negativos.
Relativamente à prestação nos debates e nas entrevistas, Luís Montenegro continua a liderar (30,2%), apesar de ter caído algumas décimas. Pedro Nuno Santos, que chegou a ser ultrapassado por André Ventura, continua em rota ascendente, mas ainda muito longe (14,9%) do seu rival na corrida ao cargo de primeiro-ministro.
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Ficha técnica
Durante 4 dias (4, 5, 6 e 7 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1547 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 52,36%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.