O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Oliveira, defendeu esta quarta-feira que "os meios aéreos são suficientes". E avisou que "não podemos estar a alimentar a economia do combate", mas sim investir mais na prevenção. A seu ver, é também preciso melhorar a articulação dos recursos.
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Considerando que "colocar a questão dos incêndios em Portugal nos meios aéreos não faz qualquer sentido", Tiago Oliveira deixou, em declarações ao JN, uma provocação. "Quem beneficia com isto?", atirou, numa alusão às empresas que operam meios aéreos de combate aos fogos.
Questionado sobre como ultrapassar as dificuldades na contratação daqueles recursos, desvalorizou a questão. "Não estou muito preocupado com os meios aéreos porque estamos em maio e há meios suficientes, terrestres e aéreos", respondeu o presidente da AGIF, que está a promover esta semana, na Alfândega do Porto, a oitava edição da conferência internacional sobre incêndios florestais.
"Mais importante do que ter mais dois ou três meios aéreos, é saber operar com eles. A minha preocupação é garantir que as pessoas trabalham em equipa e cooperam entre elas", argumentou Tiago Oliveira.
"Contributo pontual"
Do incêndio na Serra da Estrela retira "um conjunto de evidências que mostram ser necessário melhorar a sincronização dos recursos, aumentar a supervisão, a capacidade de coordenar e garantir que as funções são executadas dentro do prazo e dos objetivos definidos". O que o leva a concluir que "há ainda muito a fazer na organização do trabalho".
"Os meios que existem são suficientes para o risco presente", insistiu, destacando que "vão ser reforçados ao longo da campanha, segundo está previsto".
"São uma ajuda importante quando os incêndios arrancam. Mas, quando a propagação estabiliza, não acrescentam muito", defendeu em seguida. Além disso, "os meios aéreos nunca vão substituir o trabalho das ovelhas, cabras e vacas".
O problema dos fogos em Portugal "não se resolve com mais aviões. Resolve-se com mais aplicação de conhecimento, com ferramentas manuais, com 'bulldozers' e muito trabalho no terreno", assegurou Tiago Oliveira.
Quando "há mais dinheiro para combate" e "o orçamento dos meios aéreos duplicou de 2016 para 2022", o presidente da AGIF defende que "o que é preciso pedir é para reforçar as verbas para a prevenção".