Humberto Rosa, diretor para a biodiversidade na Direção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, defendeu esta quarta-feira, no Porto, que "a grande resposta" para o flagelo dos incêndios "é a prevenção" e, particularmente, o desenvolvimento de "paisagens mais resistentes".
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À margem da oitava edição da conferência internacional sobre incêndios florestais, que decorre ao longo desta semana na Alfândega do Porto, Humberto Rosa foi questionado sobre o que é preciso mudar na estratégia de combate aos fogos perante o aumento da sua intensidade e imprevisibilidade nos últimos anos.
"Primeiro, é preciso deixar claro que não é um problema só português, acontece em muitíssimos países e regiões do mundo, em que há uma conjugação de falhas na gestão do território e de alterações climáticas e condições climatéricas como esta seca que estamos a sofrer", afirmou o diretor europeu para a biodiversidade. E esta conjugação "fez com que os fogos, que antes eram uma componente normal das nossas paisagens, passassem a ter uma intensidade e frequência que não se compagina com a manutenção dessas paisagens e ecossistemas".
Por esse motivo, sublinha que "muitas vezes o enfoque parece estar em quantos aviões, quantos bombeiros, quantos meios de combate". Mas "isso é só uma pequena parte da resposta de emergência. A grande resposta é a prevenção, a modificação das condições sócio económicas para gestão da paisagem de maneira a que seja mais resistente ao fogo".
Questionado, então, sobre a necessidade de melhorar a intervenção nesta matéria, respondeu que "em toda a parte podemos melhorar". "Não estou a falar de Portugal especificamente. O problema acontece em França, em Espanha, na Grécia e inclusive em vários países mais a norte da União Europeia", esclareceu.
"O que temos realmente é de conduzir as coisas no sentido de termos uma paisagem e os ecossistemas com outra capacidade de adaptação a uma situação que é hoje diferente", defendeu Humberto Rosa.
Instado depois sobre os vários apelos da Comissão Europeia dirigidos especialmente aos países do sul da Europa e sobre se deveria haver uma ação mais concertada perante um ano que se prevê bastante complicado, defendeu que "ação concertada já existe muito". "Não só no sentido transfronteiriço, veja como Portugal e Espanha colaboram bem em termos de fogos florestais, mas também no que toca aos mecanismos europeus de apoio, nomeadamente facultar meios quando isso é necessário", assegurou o diretor europeu.
Além disso, nota que "muitas das políticas e propostas que estão a ser feitas na Comissão Europeia vão todas no sentido de trazer paisagens mais resistentes que nos servem melhor a todos".