A comunidade Alcoólicos Anónimos (AA) adotou "com sucesso" o esquema de reuniões online para ultrapassar o impedimento das reuniões presenciais devido à pandemia de covid-19 e chegou a receber novos elementos por essa via.
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Esta alternativa foi avançada esta terça-feira pelo presidente dos AA, o psicólogo clínico Mário Marques, numa reunião aberta online sobre o tema "alcoólicos anónimos e o confinamento social", que durante uma hora e meia, através da plataforma Zoom, recebeu testemunhos de "companheiros" (como são tratados) e foi vista e contou com o apoio de várias instituições, como câmaras municipais, juntas, Comunidade Vida e Paz, Misericórdia de Lisboa, entre outras.
Na sua intervenção, Mário Marques disse desconhecer se no período de desconfinamento aumentou ou não o consumo de álcool ou recaídas alcoólicas, por ainda não serem conhecidos números, mas sublinhou que a ligação e a rede de apoio dos AA se mantiveram ativas e a Internet foi a opção que a tornou viável.
Desde 13 de março, quando começou o confinamento, já foram realizadas mais de 40 reuniões online e "cada sala teve a capacidade de se reorganizar", frisou Mário Marques, explicando que "isto só foi possível porque existiam laços anteriores que são uma mais-valia que os AA trazem" e que o acreditar no método dos 12 passos (Método Minesota) "é muito mais do que uma filosofia de recuperação).
O mesmo especialista afirmou que, durante este período de pandemia, as linhas telefónicas de apoio também estiveram disponíveis e que, através delas, era feita uma primeira abordagem e encaminhados os alcoólicos a pedir apoio para a recuperação para as plataformas online das diversas salas.
Fátima, uma das alcoólicas em recuperação que apresentou o seu testemunho de vida, explicou que, apesar de não existir um acompanhamento físico, "chegaram pessoas novas", através de email ou telefone, que durante o contacto são informadas da solução online, sendo depois também apoiadas posteriormente por telefone.
Manuel, outro dos dois AA que prestou depoimento, disse mesmo que "ficou surpreendido" que durante o período de confinamento "houvesse recém-chegados" através das plataformas online.
"Foi a solução para não se perder a ligação entre todos", afirmou este "companheiro", cuja ironia da vida, tendo deixado de beber qualquer bebida alcoólica há 39 anos, desses esteve cerca de 30 ligado à indústria das bebidas, fazendo mesmo provas de vinhos em concursos.
Nos testemunhos, Fátima e Manuel falaram das suas experiências pessoais, da recuperação, e destacaram que encontraram nos AA "as ferramentas necessárias para a recuperação", num apoio que estendem aos outros e a todos os que precisem.