Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar teve a média de acesso no curso mais alta. Foi a primeira opção da jovem estudante de Penafiel.
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Alice Lopes, 18 anos, sempre foi uma aluna "brilhante de cincos e vintes", conta a mãe, Susana. Mas a jovem de Penafiel só no 11.º ano decidiu que "se calhar seria interessante seguir Medicina", uma vez que gosta "de ajudar os outros". A aluna aplicada não só concretizou o seu sonho, como entrou da faculdade que queria, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, com média de 20 valores.
"E não entrou com 21 porque já não era preciso mais", diz, em jeito de graça, o diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho, que não esconde a "enorme satisfação". A instituição teve a média de entrada mais alta num curso de Medicina desde 2004, registando "um ligeiro aumento de cinco centésimas". O último colocado entrou com 19,3 valores.
"Mal saiu a nota do exame de Matemática do 12.º ano [que foi de 20 valores], já sabia que estava dentro do ICBAS", conta orgulhosa Alice, explicando que a instituição foi a sua primeira opção por se identificar "com a proximidade que existe entre professores e alunos". "Isso é fundamental quando se tem dúvidas, porque é essencial ter um professor para ajudar", acrescenta a estudante.
De resto, outra característica identificada pela aluna é o facto de haver mais turmas, "sendo os grupos mais pequenos".
Melhorar e inovar
Henrique Cyrne Carvalho também destacou essa mais-valia, sobretudo quando se está perante "155 novos estudantes e nas aulas de Ciclo Clínico, em ambiente hospitalar, são no máximo quatro a cinco alunos por docente".
O diretor ressalva ainda que no ICBAS a ambição passa "sempre por melhorar e inovar", havendo constantes "atualizações do modelo formativo", dando como exemplo "duas novas cadeiras opcionais, de poesia e de música, criadas com o objetivo de desenvolver competências que vão além do conteúdo científico".
"Abel Salazar [médico, escritor, investigador científico, artista plástico, crítico de arte e ensaísta português] defendia que a formação de um médico passava por mais do que ser um bom técnico", observou.
Também Caldas Afonso, diretor do Curso de Medicina, salienta que "a matriz do ICBAS é estar um passo à frente", dando nota que "o plano curricular foi reformulado há três anos", sendo incentivado o lado "humanista" do profissional de saúde.
"Decidimos introduzir a música e a poesia porque a Medicina também é uma arte. Para comunicar com o doente é preciso perceber a sua narrativa. Já a música vem ajudar a ter uma melhor perceção do que é a angústia", explicou ao JN o diretor do curso, sublinhando que "é isto que a sociedade precisa". "Quando temos um doente que confia em nós não podemos defraudar essa pessoa. É isto que nos torna diferenciadores".
Módulo específico
Já Henrique Cyrne Carvalho faz questão de também realçar que o ICBAS "é a única faculdade de Medicina com um módulo específico de acesso à especialidade".
Alice vai iniciar agora o seu percurso académico na instituição e ainda não sabe o que quer seguir, mas já pensou "em dermatologia" e mais recentemente em "psiquiatria".
Certo é que embora venha viver para o Porto, a filha única vai continuar a sentir-se em casa, já que quatro colegas de turma da escola secundária também entraram em Medicina no ICBAS.
Pioneiro
Apoio psicológico interno
O ICBAS é uma das primeiras escolas de Ensino Superior que proporciona aos alunos um acompanhamento psicológico internamente. Já existiam outras com este apoio de psicologia, mas de psiquiatria, internamente, é um serviço pioneiro. Em plena pandemia, foi contratada uma psicóloga para fazer o acompanhamento. Mas em março houve necessidade de contratar outra para dar resposta à crescente procura. Para além da consulta (gratuita) de psicologia, também foi celebrado um protocolo com o Centro Hospitalar Universitário do Porto, que permitiu a criação de uma consulta de psiquiatria no ICBAS. Foram realizadas 760 consultas a 120 alunos desde junho de 2020.