ICBAS, no Porto, volta este ano a ser a instituição a nível nacional com a melhor média de entrada no curso de Medicina, com 19,9 valores.
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A história de Alice, 19 anos, e Leonor, de 17, é comum, dividida apenas por uma décima. As notas que tiveram de acesso à universidade tornaram o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, na faculdade com a média mais alta de entrada no curso de Medicina. No ano letivo 2021/2022, Alice carimbou o acesso ao curso dos seus "sonhos" na instituição que foi a sua primeira opção com um redondo 20. O mesmo aconteceu este ano com Leonor, mas com um 19,9.
Henrique Cyrne Carvalho, diretor do ICBAS, não esconde a "grande satisfação e a enorme responsabilidade" pelo feito, e descreve que o resultado alcançado é fruto de "muito trabalho". "É como se estivéssemos a pedalar uma subida, quando a inclinação é maior", descreveu o diretor logo acrescentando: "O primeiro momento de derrota é quando achamos que atingimos a meta".
No ICBAS, já com os "contingentes especiais" serão 180 os alunos que ingressam em Medicina. "Haverá ainda um contingente adicional de oito alunos estrangeiros que estudavam na Ucrânia", referiu Henrique Cyrne.
Leonor Marques, 17 anos, de Famalicão, arregala os olhos quando ouve Alice a contar que "a quantidade de matéria é muita". Tanta ao ponto de dizer: "Sabes tudo o que se estuda para fazer o exame de Biologia, no fim do 12.º ano? Pronto, isso é só um semestre!".
Seguiu as pisadas da mãe
Leonor mostra-se "pronta" para encarar o desafio, conhecendo a realidade que a espera, até porque a mãe é médica. "Sempre me disse para eu seguir o que quisesse, mas claro que acabou por ser uma influência", contou a aluna. Depois, há o "gosto" acrescido de ter entrado "no curso que queria, na faculdade que foi a primeira opção".
Caldas Afonso, diretor do curso de Medicina, encoraja-a: "Tens tudo para ser feliz! O importante é fazeres aquilo que gostas, até porque o dinheiro não é tudo".
Alice conta que, no ano passado, chegou a sentir-se "muito sozinha", sobretudo "na época de exames". E sublinha: "O pior foi mesmo o estudo".
Todavia, quem olha para o percurso académico de Alice facilmente diz o contrário. Com uma média de 18,7 valores, num rol de disciplinas que a aluna de Penafiel completou com 19 valores, Caldas Afonso questiona-a, a brincar: "Como foi possível ter um 17?!". A futura médica sorri, revelando que ainda "é muito cedo" para escolher a especialidade.
E logo lembra Leonor que "é preciso não esquecer que existem mais coisas além do estudo". "Não fui a todas as sessões da praxe, mas as festas da Faculdade de Engenharia são as melhores", revelou.
Pormenor
Universidades são "excessivamente endogâmicas"
"O caminho que se fez até aqui deve ser reforçado e o elemento distintivo tem de se manter". É desta forma que Caldas Afonso, diretor do curso de Medicina do ICBAS, reage ao facto de a instituição voltar a ser a preferida dos alunos de Medicina. Feito também alcançado nos cursos de Bioengenharia, Ciência do Meio Aquático, Medicina Veterinária e Bioquímica. Para Caldas Afonso, "um dos problemas é as universidades serem excessivamente endogâmicas". Este ano, a novidade das disciplinas opcionais será a de Comunicação em Saúde (no 2.º semestre), a cargo de Domingos Andrade, diretor-geral editorial da Global Notícias, e de Paula Rebelo, da RTP.
Inscritos
180 estudantes
é o contingente que vai frequentar o primeiro ano do curso de Medicina do ICBAS. A instituição vai receber oito alunos que estudavam na Ucrânia.