A população do Alto Minho aumentou nas últimas semanas e a região está mobilizar-se para criar espaços de "isolamento comunitário" para fazer face à pandemia.
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O fluxo de pessoas a refugiar-se na região disparou com a chegada de emigrantes a concelhos mais do interior como Melgaço, Monção, Arcos de Valdevez e Paredes de Coura, e a ocupação de casas de 2.ª habitação em zonas mais urbanas como Caminha (em força na freguesia de Moledo), Viana do Castelo e Ponte de Lima.
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A situação preocupa os autarcas, que há dias numa reunião da Comissão Distrital de Proteção Civil, alinharam medidas para preparar os próximos tempos: "a necessidade de criar locais de isolamento coletivos para infetados e profissionais de risco, o desenvolvimento de programas de desinfeção de locais públicos e o incremento de respostas sociais".
Escolas e hotéis são alguns dos espaços que vão ser preparados pelas Câmaras Municipais em coordenação para acolhimento social comunitário, em dois grupos, casos suspeitos e confirmados de Covid-19. "Ainda não precisamos disso, mas já estamos a preparar as próximas semanas. Cada município vai tentar encontrar no seu território dois tipos de espaços: para isolamento profilático daquelas pessoas que ainda não sabemos se estão infetadas e outro para os infetados", declarou o presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil e autarca de Caminha, Miguel Alves.
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O autarca exemplificou em que tipo de situações se aplicará a medida: "Nem toda a gente nestas situações tem capacidade para ir para casa, ou porque a casa não tem condições, ou porque tem condições mas não há forma de a enquadrar, porque irá contactar com idosos ou com os filhos". "A ideia é que as pessoas tenham um espaço de isolamento limpo", comentou.
Uma das conclusões da reunião daquela comissão, que abrange dez municípios (Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção, Melgaço, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca) foi fazer um pedido à DGS para impor o confinamento profilático de 14 dias aos cidadãos que regressam do estrangeiro, que entretanto já foi determinado.
"Estávamos a sentir a necessidade de uma quarentena obrigatória a quem regressa do exterior. Sentimos a entrada de muitos emigrantes de forma algo descontrolada e alguns como quem vem em descanso. Melgaço, Arcos de Valdevez e Paredes de Coura deram muito nota disso e começava a ser um problema muito identificado", explicou, referindo, por outro lado que "concelhos como Caminha, Viana do Castelo e Ponte de Lima, alertaram para situações parecidas, mas que tem a ver com 2.ª habitação".
"Estamos a ter um incremento muito grande de pessoas que estão a vir de zonas como o Porto, Braga e Lisboa algumas. Muitas delas num 'modo férias' que não é enquadrável com o que vivemos", adiantou Miguel Alves, referindo: "Fazemos um apelo forte a essas pessoas que tem cá a sua casa e querem fazer cá o seu isolamento, têm esse direito, mas que o façam religiosamente".