Alunos da terceira idade no superior: "Desistir de aprender é retroceder"
Têm mais de 65 anos e provam que a sede de conhecimento não tem validade. São perto de 600 os séniores que anualmente frequentam as universidades portuguesas.
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“No primeiro dia de aulas parecia uma parola.” Emília Soares, de 82 anos, recorda a sua estreia no ensino superior. Não se pense que, pela idade, esta é uma recordação longínqua: inscreveu-se na universidade em 2017. Até aos 70 anos, Emília viveu apenas com o 7.º ano de escolaridade. Nunca trabalhou, mas sempre teve vontade de conhecer e aprender mais. Foi na terceira idade que “o momento certo” - é assim que lhe chama - surgiu: inscreveu-se na licenciatura em Filosofia da Universidade Nova de Lisboa.
Admite que o início foi complicado - não por dificuldade de integração, já que os colegas foram sempre impecáveis. “Eu não sabia o que era frequentar uma instituição daquela dimensão.” Pedia com todos os cuidados e mais alguns para falar ou para sair da sala. Tinha receio de fazer a coisa errada. O horário ou a localização das salas de aula teimavam em não encaixar dentro da sua cabeça. O pior, salienta, é que “nem sequer sabia o que era um computador”.