Só no 1.º ciclo os alunos chineses revelam dificuldades. De resto, no 2.º ciclo, a taxa de conclusão no tempo esperado até supera a dos portugueses. E no 3.º ciclo e no Secundário, estão quase colados. Já os estudantes oriundos de países de língua oficial portuguesa têm os piores resultados e chumbam mais.
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Saiba em que lugar ficou a sua escola no ranking
Há cada vez mais alunos estrangeiros nas escolas portuguesas. A taxa de conclusão no tempo esperado é inferior à dos portugueses, mas há diferenças consoante as nacionalidades. Chineses e ucranianos são os que revelam melhor desempenho.
De acordo com os dados do portal Infoescolas, no ano letivo 2022/2023, a taxa de conclusão no tempo esperado foi de 78% entre os alunos portugueses, 74% entre os chineses, 58% entre os ucranianos. Os alunos oriundos de países de língua oficial portuguesa como o Brasil, Angola e Cabo Verde registaram os piores resultados – tiveram respetivamente taxas de 50%, 46% e 40% - e, por consequência, chumbaram muito mais.
A diferença no 3.º ainda é menor: a taxa entre os portugueses foi de 89%, chineses 86% e ucranianos 81%. E no 2.º ciclo, os chineses superaram os portugueses – tiveram uma taxa de 98%, mais dois pontos percentuais do que o conseguido pelos nascidos em Portugal e mais quatro pontos percentuais do que os ucranianos. Só no 1.º ciclo, os chineses revelaram maiores dificuldades, com uma taxa de conclusão de 77% - 16 pontos percentuais abaixo dos portugueses e inferior em oito pontos percentuais à dos ucranianos.
Entrar a meio do ano
O presidente do Conselho das Escolas alerta que a esmagadora maioria dos alunos oriundos do Brasil, Angola ou Cabo Verde ingressam nas escolas em fevereiro. Ou seja, chegam após o final do ano letivo no hemisfério Sul e, graças ao sistema de equivalências, entram a meio do ano escolar seguinte ao que frequentaram no país de origem. “Muito dificilmente conseguem ter sucesso”, frisa António Castel-Branco.
O melhor desempenho de chineses e europeus não surpreende, garante. É uma questão cultural e também fruto desses sistemas de ensino. Chegam com melhor formação de base e superam com maior facilidade a barreira linguística, explica, referindo que regra geral, até são alunos mais disciplinados e empenhados do que os portugueses.
Os alunos oriundos de países de língua oficial portuguesa não são abrangidos pela disciplina de Português Língua Não Materna. Daniela Ferreira, professora da Universidade do Porto, defende que só as diferenças entre os sistemas de ensino impõem a necessidade de apoios a estes alunos.
A integração dos alunos estrangeiros, que triplicaram nos últimos seis anos, é para a investigadora “o maior desafio do sistema de ensino”. As escolas precisam de mais recursos e de mais materiais pedagógicos traduzidos em várias línguas. “É preciso repensar as estratégias de ensino” e incluir esta matéria na formação inicial e contínua dos professores, sublinha Daniela Ferreira.