Universidades e politécnicos com pedidos de ajuda para alojamento, alimentação ou equipamentos informáticos.
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Com o número de bolseiros no Ensino Superior a ultrapassar os 72 mil, há universidades e politécnicos a registar um aumento de pedidos junto dos seus fundos de apoio social (FAS), criados para acudir a situações de carência e em complemento à ação social escolar. Do alojamento à alimentação, passando por apoios informáticos. E também com mais estudantes a colaborarem com as instituições a troco de uma compensação monetária.
No Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA), o fundo de emergência apoiou, no ano passado, 46 estudantes (em janeiro deste ano eram já 49), contra 34 em 2021, com um total de 32,3 mil euros (+74%). Na Universidade de Coimbra, decorre até maio o período de candidaturas ao FAS, criado para apoiar não bolseiros com "comprovadas dificuldades económicas". Mas a componente do FAS Emergência, neste ano letivo, tinha já deferido 11 apoios, mais um face ao anterior.
Não permitindo uma leitura exata, por ter criado em outubro de 2022 um fundo de apoio extraordinário de emergência social para responder à crise decorrente da guerra na Ucrânia, a Universidade do Porto confirma, também, um aumento dos pedidos de ajuda, "particularmente no apoio ao alojamento e alimentação". Através deste fundo, explica, os alunos têm acesso a senhas de alimentação e a apoios pecuniários para alojamento.
Já na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), neste ano letivo foram "atribuídas outras 150 bolsas [estabelecidas em convénios com entidades terceiras], no valor global de 75 mil euros", contra 20 no ano anterior, no montante de dez mil euros. Também via financiamento externo, a Universidade de Coimbra atribuiu 206 Bolsas Santander Futuro, em linha com o ano anterior, apesar de ter registado uma quebra nas candidaturas.
Alunos que trabalham
Na Universidade do Minho, as candidaturas ao FAS, que decorrem até ao final do ano letivo, mantêm-se estáveis nas 12 candidaturas.
Se, no ano passado, a UTAD contava com 36 estudantes na bolsa de colaboração, que integra o seu fundo de apoio social, com 38 mil euros, até fevereiro deste ano havia "já 39 estudantes a colaborar em várias unidades", como sejam as residências. Aumento registado também pela U.Porto na sua bolsa de colaboradores do FAS.
As mesmas colaborações têm lugar no Politécnico de Viana do Castelo, tendo o seu presidente Carlos Rodrigues revelado um aumento dos pedidos de apoio por parte dos estudantes oriundos dos PALOP, que não são abrangidos pela ação social. No Politécnico de Bragança e na Universidade de Lisboa, a situação mantém-se em linha com anos anteriores.
Na UMinho destaque, ainda, para as solicitações ao Programa de Apoio Informático aos Estudantes, com 45 pedidos de empréstimo de computador, até à data, contra 11 no ano passado. No Porto, a universidade regista "alguma procura na renovação de pedidos das bolsas de ação social escolar, motivada por alterações na situação económica do candidato, quando comparado com o arranque do ano letivo". Todas as instituições vincam estar a acompanhar de perto os seus estudantes.
Afluência às cantinas diverge
Na procura pelas cantinas não se pode falar numa tendência, com realidades variadas nas instituições ouvidas pelo JN. Na Universidade de Lisboa, em janeiro registou-se um aumento de 50% face a 2019; e, em fevereiro, de 11%. Contudo, explica o diretor dos serviços de ação social , em janeiro de 2019 os estudantes estavam já em exames e, neste ano, ainda havia aulas. "Há aumento? Há. Imputável à inflação? Tem alguma influência, mas ainda não há dados consolidados suficientes", diz Carlos Dá Mesquita. Na UTAD, neste primeiro trimestre, há um crescimento de 27% face a 2019, com 33 890 refeições. Nas universidades de Coimbra, Porto e Minho, os números estão abaixo de 2019. No Politécnico de Bragança a procura mantém-se elevada, próxima da capacidade máxima.
À lupa
250 euros é o valor máximo do complemento à bolsa de estudo para apoiar as deslocações dos bolseiros. Foi ainda aprovado um apoio extraordinário ao alojamento a estudantes beneficiários do abono de família até ao 3.º escalão.
72 397 bolsas de estudo deferidas pela Direção-Geral do Ensino Superior. No total, entraram mais de 105 mil pedidos, dos quais 35% foram indeferidos. Há ainda 1119 a aguardar informação para análise e 6052 em processamento na instituição de ensino.