Diretores preocupados com problemas emocionais pedem apoio de psicólogos clínicos.
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Há diretores preocupados com a tristeza dos alunos. Há casos de depressão, anorexia, violência e de afastamento uns dos outros, numa clara dificuldade de socialização. "Só agora começamos a perceber os verdadeiros problemas dos confinamentos", alerta Severina Fontes, diretora do agrupamento D. Afonso Henriques, de Vila de Aves (Santo Tirso), que defende o reforço de recursos, nomeadamente o apoio de pedopsiquiatras ou psicólogos clínicos.
Este ano, revela a diretora, teve duas alunas com problemas depressivos e de anorexia que precisaram de ser hospitalizadas. No 1.º Ciclo e Pré-Escolar, nota que há maior agressividade entre os alunos.
"Podem ser casos pontuais mas nunca os tive antes", assume, não escondendo a preocupação: "temo mais os efeitos emocionais da pandemia do que o impacto académico nas aprendizagens". Relativamente aos mais novos, explica, há alunos que têm revelado problemas "porque não foram devidamente acompanhados em casa durante os confinamentos e períodos de ensino à distância. Nota-se que estiveram por sua conta, meninos de 7 ou 8 anos, com acesso a todo o tipo de vídeos e que voltaram à escola mais violentos".
feridas por sarar
Mário Rocha, diretor do agrupamento de Cristelo (Paredes), apesar de não registar mais casos de violência, também está preocupado com o impacto social e emocional da pandemia nos alunos. "Há uma mácula, noto uma consequência muito profunda ao nível relacional que já via há muito tempo: eles estão mais tristes, mais fechados, mais desligados uns dos outros e até de projetos que já tínhamos em velocidade cruzeiro e este ano tivemos de voltar atrás", descreve.
Severina Fontes alerta que para este tipo de problemas de saúde emocional as escolas não estão preparadas nem têm meios de resposta. Mário Rocha recorda que, no âmbito do plano de desenvolvimento social e comunitário, as escolas podem candidatar-se a mais técnicos especializados, como psicólogos. O número, no entanto, considera, "não é suficiente" e devia ser reforçado, tendo em conta o número de alunos.
"Neste contexto, valia a pena, no caso das escolas já com projetos validados pela tutela, apostar e permitir que fossem aprofundados, dando mais recursos e créditos horários", defende.