A partir do próximo ano, aferições voltam a ser feitas no 4.º e no 6.º anos a Português e Matemática. Diretores pedem entrega de mais computadores até ao arranque das aulas, a 12 de setembro.
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As provas de aferição e finais do 9.º ano vão manter-se em formato digital, à exceção de Matemática, que passará a ter um modelo híbrido. O Governo garante que os alunos vão ter um número mínimo de horas para treinar e anunciou que vão fazer, a meio do ano letivo, provas-ensaio que podem contar para a classificação interna, se as escolas assim o decidirem. O presidente da Associação de Diretores (ANDAEP), Filinto Lima, alerta que as escolas vão ter de receber mais computadores até ao arranque das aulas.
As aferições vão mudar de nome e de ano. A mudança estava prevista nos programas eleitorais e de Governo e foi ontem confirmada: a partir do próximo ano, vão passar a realizar-se no final do 1.º e do 2.º ciclos (no 4.º e 6.º anos) em vez de a meio do percurso (no 2.º, 5.º e 8.º). Vão passar a chamar-se provas ModA (monitorização da aprendizagem). E serão menos provas por ano. Além de Português e Matemática, a mais uma disciplina rotativa. Vão ter caráter obrigatório, uma nota que ficará registada na ficha individual do aluno mas que continua a não contar para a classificação final.
Provas comparáveis
Outra novidade é a introdução, no 4.º e no 6.º, da prova de Português Língua Não Materna (PLNM). As provas deixam de ser públicas. Isto é, os enunciados deixam de ser divulgados para permitir a repetição de perguntas e que se possa fazer a comparação dos resultados.
“Não estamos a inventar a roda, estamos a aplicar as boas práticas internacionais”, frisou, na apresentação do novo modelo, o secretário de Estado Adjunto da Educação, Alexandre Homem Cristo.
Os diretores agradecem a logística mais ligeira, mas não rejubilam com as alterações.
“Não estou contra, mas não vejo vantagens nas alterações”, afirma Filinto Lima. O presidente da ANDAEP teme que nova mudança de Governo faça retornar provas noutros anos de escolaridade e, por isso, volta a defender um pacto na Educação para temas como a avaliação externa. De resto, sublinha, a primeira garantia que o Governo tem de dar é que “a partir de 12 de setembro todos os alunos que vão fazer provas tenham computador”.
“Este ano, em maio, 13 mil alunos do 9.º ºnão tinham computador. A equidade também se reflete nos equipamentos, que não podem chegar a meio do ano”, insiste.
Já o presidente do Conselho das Escolas, António Castel-Branco, pede que a prova de PLNM tenha versões diferentes para os quatro níveis de proficiência. No 9.º, por exemplo, isso não acontece, o “que prejudica os alunos”, frisa. Castel-Branco assume que, “pessoalmente, preferia aferições a meio do percurso que permitissem identificar dificuldades com tempo para as corrigir”.
A presidente da Confederação de Pais, Mariana Carvalho, lamenta que a Confap não tenha sido ouvida antecipadamente como uma entidade parceira. E espera que as notas nas provas “não sirvam para um novo ranking”.
Avaliação deixa de incidir sobre currículos
As provas de aferição deixam de incidir sobre os currículos e passam a avaliar literacias. À semelhança, por exemplo, dos testes PISA (Programa Internacional de de Avaliação de Alunos), feitos aos alunos de 15 anos, sobre os conhecimentos e capacidades a Leitura, Matemática e Ciências. O ministro da Educação, Fernando Alexandre, defendeu que esta avaliação externa, no Básico, deve quebrar a lógica da preparação para a prova. “Estudar para fazer exames não é a melhor forma de aprender”, disse Fernando Alexandre. O Governo pretende que os resultados das provas tenham impacto. Os relatórios dos alunos chegarão às escolas antes do início do ano letivo seguinte e o relatório nacional dos resultados passa a ser divulgado na segunda terça-feira de novembro.
Perguntas & Respostas
As provas de aferição são obrigatórias?
Sim, têm caráter obrigatório e universal. Passam também a ter nota (numa escala de 0 a 100), que fica registada na ficha individual do aluno mas continua a não contar para a classificação final.
Quais as provas que os alunos do 4.º e do 6.º vão fazer?
Além de Português, PLNM e de Português Língua Segunda, a prova de Matemática, no 4.º ano, também incide sobre Estudo do Meio e a do 6.º ºsobre Ciências Naturais. Os alunos terão de fazer mais uma prova que será rotativa, a cada três anos. Assim, no 1.º Ciclo, no próximo ano, será Inglês, em 2026, Educação Artística e em 2027, Educação Física. No 6.º, vão fazer-se provas a História e Geografia de Portugal (2025), Inglês (2026) e Educação Física mais Educação Visual (2027).
O que é o formato híbrido?
A prova de Matemática no 9.º ano vai ter um formato híbrido. Isto é, parte das respostas serão dadas no computador e as que envolverem a resolução de cálculos serão em papel. As provas do 3.º Ciclo vão contar 30% para a nota final.