Amnistia Internacional pede investigação a munícipios que acolhem refugiados ucranianos
A Amnistia Internacional defendeu, este sábado, a realização de um inquérito a todos os municípios envolvidos no acolhimento de refugiados ucranianos que fogem à invasão Russa. A organização não-governamental (ONG) acredita que o que caso de Setúbal não é único e insta o Governo e o Alto Comissariando para as Migrações a abrir um inquérito para apurar responsabilidades.
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O alerta da ONG vem no seguimento da notícia do Expresso, que dá conta de refugiados ucranianos que foram recebidos por cidadãos russos residentes em Portugal com posições próximas da Rússia. Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional, acredita que o que sucedeu em Setúbal pode estar a acontecer em mais autarquias, e alerta para a facilidade da "inteligência russa [em] imiscuir-se nos trabalhos da administração pública", disse em declarações à RTP.
Por ser um trabalho que tem sido realizado com recurso a voluntariado e pautado por solidariedade é mais fácil para a inteligência russa interferir no decorrer do processo, alertou Pedro Neto.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) decidiu suspender a colaboração com pessoas ligadas à à Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo), depois das suspeições levantadas de que refugiados ucranianos estavam a ser recebidos por cidadãos pró-russos, em Setúbal. O SEF acrescenta que "não tem qualquer protocolo assinado com a Associação EDINSTVO", afirmou a entidade em resposta enviada à Lusa.
Segundo o Expresso, cerca de 160 refugiados ucranianos foram recebidos por Igor Khashin, antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município presidido por André Martins.
Presidente da CMS reconhece falha no processo
À SIC, o presidente da Câmara Municipal de Setúbal (CMS), Pedro Martins, reconheceu que não pode dar garantias sobre o tratamento de dados desses cidadãos que recorreram ao LIMAR - Linha Municipal de Apoio aos Refugiados, e foram atendidos por Igor Khashin e Yulia Khashina, cidadãos russos residentes em Portugal com posições próximas à Rússia.
"O que garanto é que os serviços da câmara afetos ao apoio aos refugiados seguem protocolos", disse Pedro Martins.