Na Europa, o excesso de velocidade é uma causa crucial de 10% dos acidentes rodoviários e de 30% dos desastres com mortes. E é uma ilegalidade cometida em larga escala.
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Entre 40 e 50% dos condutores ultrapassam os limites máximos para a via em que circulam e entre 10 e 20% superam esses limites por mais do que dez quilómetros/hora, calcula o Observatório Europeu para a Segurança na Estrada.
Circular demasiado depressa tem dois impactos cumulativos: aumenta a probabilidade de acidente e a probabilidade de ferimentos graves. O Observatório assegura que uma subida na velocidade de um quilómetro por hora resulta em mais 3% de acidentes. Por isso, assegurar que os condutores circulam à velocidade recomendada para cada estrada é fulcral para que a União Europeia atinja o objetivo de chegar a 2050 com zero mortes e feridos graves.
Para lá chegar, o Observatório recomenda que cada país defina qual o limite de velocidade adequado para cada troço de estrada, informe os condutores e fiscalize o comportamento de forma eficaz. Mas também recomenda campanhas de sensibilização e medidas de engenharia de estrada - uma área em que Portugal pouco ou nada investe, diz Manuel João Ramos, da Associação dos Cidadãos Automobilizados (ACAM).
tecnologias em testes
A par destas medidas, há tecnologias que poderão ajudar a controlar a velocidade e que têm sido testadas pela Direção-Geral dos Transportes, da Comissão Europeia. Uma é o uso de caixas negras semelhantes às dos aviões e que registam dados sobre o comportamento do condutor, como a velocidade. Em caso de acidente, a informação pode ser usada para saber se circulava acima do limite legal.
Outra tecnologia em desenvolvimento é a identificação eletrónica de veículos, um sistema instalado em cada veículo com capacidade para comunicar com a infraestrutura. Entre os dados trocados poderá estar a velocidade.
Menos intrusivo será um mecanismo conhecido como adaptação inteligente de velocidade. Aqui, o sistema localiza o condutor na estrada e mantém-no informado sobre o limite de velocidade de cada troço.
Bruxelas admite, ainda, que os países possam adotar limites de velocidade dinâmicos, em função de variáveis como o estado de conservação da estrada, o tempo e o trânsito. Estas adaptações, admite a Direção-Geral europeia, adaptaria o limite de velocidade às circunstâncias de cada momento e aumentaria a credibilidade de todo o sistema de limite de velocidade.
Por último, as câmaras inteligentes não só medem a velocidade como verificam se os passageiros usam cinto de segurança ou se o condutor respeita a distância de segurança para o veículo da frente.