Limitadas nos recursos humanos e financeiros, a maioria das associações de proteção animal encontra espaço e meios para ajudar famílias carenciadas com ração para os animais de estimação ou facilitando o acesso a tratamentos veterinários mais económicos, como esterilizações.
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Com a pandemia, algumas instituições registaram um aumento significativo dos pedidos de ajuda alimentar. Neste período, só a Associação Animais de Rua, por exemplo, distribuiu cinco toneladas de comida.
Entre as associações que se viram a braços com mais pedidos está a Associação dos Amigos dos Animais de Santo Tirso, que "passou a apoiar o dobro". "Antes da pandemia, apoiávamos cerca de 10 famílias. Agora, há 20 que pedem ajuda constante", contabiliza a presidente da ASAAST, que começou a dar este apoio "há cerca de quatro anos".
"Há muita gente a pedir, e não conseguimos atender a tudo. Para isso, era preciso receber doações", diz Fátima Meinl, lembrando que as campanhas de angariação nos supermercados estão suspensas. Para fazer face aos pedidos crescentes, a associação criou o Centro Alimentar Animal, que, através de apelos no Facebook, procura padrinhos que ajudem as famílias carenciadas.
Em Espinho, a Patinhas Sem Lar instalou a Caixa Solidária Animal à porta da loja da associação, no mercado municipal, para atenuar os efeitos da pandemia e disponibilizar ração de cão e gato a quem necessita. "Apoiámos três famílias com ração, e não temos tido pedidos extraordinários porque as pessoas têm recorrido à caixa", diz Ana Paula Castro, grata pelos "muitos donativos".
A Cantinho Animais dos Açores ajuda "famílias carenciadas" e "pessoas que alimentam animais que vivem na rua", tal como a Animais de Rua, que, com sede no Porto e núcleos pelo país, passou a ajudar mais 30 famílias. "Nunca demos tanta ração. Foram toneladas. É o triplo ou quádruplo do habitual", nota a diretora, Maria Pinto Teixeira.
Vergonha de pedir
Apesar das dificuldades, várias associações não tiveram mais pedidos. Tudo depende, entre outros fatores, dos meios - urbanos ou rurais - em que atuam.
Salomé Dias aponta, antes, "mais pedidos de entrega de animais" à Associação Quatro Patas e Focinhos, da Mealhada. "Na nossa zona, acho que, muitas vezes, as pessoas não pedem por vergonha", conclui a presidente da instituição, que "ajuda três famílias carenciadas, de forma regular", num total de 100 quilos de ração mensais. "Agora, noto mais urgência em receber a ração".
Preços acessíveis
O Cantinho dos Animais Abandonados de Viseu, que há vários anos dá ajuda alimentar a cerca de 20 famílias, também refere que "não houve um "boom" de pedidos". Aqui, o apoio passa ainda por "preços acessíveis" na clínica da associação, lembra a presidente, Ana Vaz. Em Gaia, a Senhores Bichinhos manteve as doações às colónias e às perto de 10 famílias que já ajudava, e promove, a partir de protocolos com clínicas, esterilizações e castrações com "preços 50% a 60% mais baixos" do que os de mercado.