Na esplanada do Soundwich, no Parque da Cidade do Porto, os animais são uma presença assídua há cerca de uma década. O restaurante recebe todos os dias donos na companhia dos seus cães e, no exterior, conta ainda com a presença de pássaros, galinhas e tartarugas para deleite dos clientes. Miúdos ou graúdos, quase todos param para observar os bichos da casa. É um espaço assumidamente amigo dos animais. E no cardápio há menus para os patudos com água, prato principal de comida húmida e sobremesa. "Termos esta oferta foi sempre uma opção desde o primeiro dia", contou ao JN António José, um dos concessionários do restaurante.
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No Soundwich, em dez anos, nunca houve más experiências com animais de estimação. Nem mesmo latidos como som ambiente. "Os cães que temos, desde há dez anos, são o exemplo da educação que lhes é dada pelos donos. Nunca tivemos um único problema", frisou o responsável, revelando que a maioria dos clientes não se importa com a presença dos animais.
Quando o restaurante abriu, António José recorda que não havia muitos espaços pet friendly (amigo dos animais). "Penso que, de uma forma muito pacífica, está a aumentar a oferta. E ainda bem", considerou o responsável, que sempre viveu rodeado de animais.
Situado no número 595 da Avenida do Parque, o restaurante tem um menu dedicado aos amigos de quatro patas. Daisy, uma cadela de oito anos, já experimentou as especialidades da casa. A dona, Luísa Ramalhinho, considera importante a existência de espaços pet friendly.
a importância de educar
"Venho cá com os meus filhos, e ela, como faz parte da família, vem connosco. Os cães são como as crianças, se forem bem educados, podem vir a estes espaços sem problemas", considerou Luísa Ramalhinho, acrescentando que, por vezes, a cadela potencia uma interação com outros clientes que lhe fazem festas e perguntam como se chama.
Júlia Stefanato, 23 anos, tutora de uma cadela de dois anos, partilha da mesma opinião. "Em Portugal, ainda não aceitam animais em todo o lado. Eu percebo as preocupações com as questões de higiene, mas os cães, quando são bem tratados, portam-se lindamente", frisou a jovem, que descobriu o Soundwich numa pesquisa na Internet por espaços amigos dos animais.
"É sempre excelente poder partilhar estas coisas com a minha cadela. Às vezes, há sítios onde vamos e não a podemos levar. Sempre que encontro um sítio onde me deixam levá-la, fico superfeliz", disse Júlia Stefanato, admitindo que pesou na decisão o facto de o restaurante ter um menu para os patudos.
Guilherme Duarte estava acompanhado pelo Toki, um cão de quatro meses. "Começamos agora a explorar sítios pet friendly", contou, admitindo ter alguns cuidados para respeitar "o conforto das pessoas que preferem não ser incomodadas por cães".
"O Macrobiótico", também no Porto, é um dos poucos espaços sem esplanada que permite a entrada a animais. E, por ser um espaço com "bom ambiente e comida muito boa", é normalmente escolhido por Mário Silva e Vera Delgado para os almoços de fim de semana, depois do passeio de Kika, uma working cocker spaniel de 6 anos, pela praia.
Kika não almoça o que o restaurante tem porque a oferta consiste em vegetais. Então come biscoitos que os donos trazem e bebe água numa taça que o espaço disponibiliza. Os menus para cães ainda não são uma realidade, mas a proprietária, Joana Simões, admite que já pensaram em ter biscoitos sem adição de carne ou peixe.
Sendo uma "cliente da casa", Kika é sempre bem recebida pelas funcionárias, que "a tratam muito bem", aponta Mário Silva. O comportamento da cadela é "exemplar", apesar de ser num lugar fechado. A cadela gosta mais de locais abertos. Mas, como é reservada, prefere locais tranquilos. Assim como Kika, também os outros animais que visitam o restaurante são calmos e proporcionaram sempre experiências positivas.
Joana Simões entende que a permissão dos animais nos estabelecimentos é uma boa aposta porque "no dia a dia estão tanto tempo sozinhos que acabam por ter um momento onde o dono está a ter um momento de lazer, e podem acompanhá-lo e desfrutar". Mas alerta que "o animal tem de estar educado para isso".
Tratando-se de um espaço vegan, a proprietária diz que "só fazia sentido permitir que os animais possam a acompanhar os seus donos". Ainda assim, os funcionários optam por colocar os clientes com animais de um lado específico da sala porque assim "estão mais à vontade".